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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Imagem e realidade do conflito Israel – Palestina, Norman Finkelstein

De domínio geral é a ocorrência quase ininterrupta de violentos conflitos entre árabes e judeus desde a criação do Estado de Israel pela Organização das Nações Unidas, após a Segunda Guerra Mundial. Norman Finkelstein, historiador judeu e professor da Universidade de Nova York, é devotado ao estudo de tal problemática e traz nos livros A indústria do holocausto – Reflexões dobre a exploração sofrimento dos judeus, Ascensão e queda da Palestina: uma avaliação pessoal dos anos de intifada, e Imagem e realidade dos conflitos Israel – Palestina, entre outros títulos, ácidas críticas ao povo israelense e as armas utilizadas para atestar sua legitimidade sobre terras palestinas. Dotados de referências e citações, os livros de Finkelstein revelam ao público, além do posicionamento do autor em face da questão, informações acerca de fatos que regeram o conflito desde seu início, portanto, para bem acompanhar a leitura, é necessário que o leitor esteja interado quanto aos acontecimentos históricos pertinentes.


A obra Imagem e realidade dos conflitos Israel – Palestina, precisamente o capítulo 7, aborda o conteúdo dos acordos realizados em Oslo, Noruega, por Yitzhak Rabin, na época primeiro-ministro israelense, e o líder palestino Yasser Arafat. Mediado pelo então presidente americano Bill Clinton, o acordo Oslo I, de 1993, definia que o controle de parte da Cisjordânia e da faixa de Gaza seria atribuído aos palestinos. No entanto, distoando dos termos estabelecidos pelo combinado, Israel desocupou apenas pequena parte dos centros urbanos palestinos situados nas regiões analisadas. Enclaves seguros continuaram mantidos em cidades como Hebron, Gaza e Nablus. Em setembro de 1995, Oslo II foi assinado possuindo como meta a entrega à Autoridade Nacional Palestina, ANP, de grandes cidades árabes da Cisjordânia. A Zona A, sob total controle da ANP, representava 3% dos territórios ocupados e 20% da população, enquanto a Zona B (controle militar israelense e civil palestino) compreendia 24% do território e 68% da população (os territórios das Zonas A e B são completamente fragmentados, sem continuidade). A Zona C, incluindo Jerusalém oriental (Al Qods, em árabe), com 73% do território e 12% da população, permanecia sob total controle israelense, e nela se intensificou a construção de colônias judaicas e rodovias estratégicas.


Baseado também em artigo de Edward Said, intelectual e ativista da causa palestina, o sétimo capítulo do livro de Finkelstein, no entanto, assegura que os acordos de Oslo serviram apenas para conceder aos israelenses direito de reivindicação sobre territórios até então considerados palestinos pelo meio internacional, uma vez que a pretensão antes do acordo não era senão a completa retirada israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, algo que não ocorreu. Além disso, o acordo elucidou que nenhuma das partes envolvidas teria o dever de renunciar a qualquer de seus direitos ou pretensões. Problemáticas de relevância como o domínio de Jerusalém, disponibilidade de terras férteis, abastecimento de água, soberania e indenizações aos indivíduos lesados foram tratadas de modo conivente aos interesses judeus.

Quanto a Jerusalém, o mapa anexado ao acordo a traz localizada dentro do território israelense. A água foi distribuída com base na quantidade média de utilização. Desse modo, 80 % dela seria destinada a Israel em detrimento dos palestinos que necessitariam de maiores quantidades do recurso para suprir suas carências imediatas. A parte tangente à soberania confere ao lado israelense poder sobre qualquer infração cometida por seu povo ou contra seu povo. Judeus também têm pelo acordo a última palavra sobre o referente a Jerusalém, assentamentos, posições militares estratégicas, refugiados palestinos, fronteiras e relações externas. Das indenizações, prepondera a ausência de obrigações por parte de Israel em acordo assinado pela OLP. Já as terras são configuradas de forma análoga a dos bantustãos sul-africanos da época do apartheid: fragmentos de terras palestinas isolados e cercados pelas de Israel.


A referência ao regime do apartheid como objeto de comparação proposta por Finkelstein durante seu discurso, que também já foi realizada por Chomsky ao tratar da questão palestiniana, não se restringe ao modelo de divisão terriorial. Em todo o corpo textual do capítulo estudado, é constante a exposição quanto às supostas semelhanças do poder exercido por Israel e a parte branca africana e, consequentemente, quanto à gestão palestina e dos bantustões sobre seus respectivos povos e terras. Costurando argumentos e pontos de vista de autores como Edward Said e Meron Benveniste, o retrato que se tem do conflito é de uma elite abastada e poderosa submetendo os menos dotados de recursos econômicos e militares a uma maquiada teia dominadora. A constituição de Transkei, bantustão dotado de autogestão parcial, é no capítulo referida como inspiração para Oslo. No entanto, o autor ainda confere certa vantagem ao regime separatista africano, uma vez que a questão da África do Sul não se tratava da idealização de Estados separados. Nesse caso, a discussão envolvia direitos de igualdade entre as partes, fato que ocasionava pressão do meio internacional. Em contrapartida, no caso palestino, Oslo deixa de lado a suposição de que a Cisjordânia e a Faixa de Gaza seriam completamente evacuadas por israelenses, então, como foi algo estabelecido em acordo, não há interesse internacional em detectar qualquer forma de abuso.


Como arremate da discussão, Finkelstein sugere a visão de Said em que a paz na região da Palestina tem a premissa de boa convivência entre árabes e judeus. O futuro, assim, seria a existência de uma entidade unitária abrigando os dois povos. Oslo, para Finkestain, fica claro desde as primeiras linhas tratar-se de acordo injusto e fracassado, portanto seu melhor destino é o desprezo.

Autoras: Ana Paula Mendes e Gabriela Lobosque

Resumo de “Estado e Sociedade, o conceito de Hegemonia em Gramsci”

Antonio Gramsci nasceu na Itália em 1891 e faleceu em 1937. Foi um combatente ferrenho do fascismo e do liberalismo, tendo como seu principal adversário o também italiano Benedetto Croce.
O que autor pretende neste texto é trazer os conceitos de hegemonia, Estado e sistema elaborados em Gramsci para uma realidade mais próxima da brasileira. Entretanto, o autor aprofunda sua análise nos conceitos e idéias elaborados por Gramsci.
Este breve resumo irá considerar além da leitura da obra, as questões discutidas em sala de aula quando de sua apresentação.
O propósito de Gramsci foi o de estudar as categorias elaboradas por Karl Marx e alguns de seus sucessores. Neste sentido, Gramsci irá considerar que Marx fora bem em descobrir que a superestrutura é definida a partir da economia. O problema, entretanto, é que Gramsci, assim como alguns autores que sucedem Marx – como é o caso de George Sorel – identificam que apesar de acertada, a colocação de Marx não é suficiente. Aprofundando-se mais no estudo dessas relações, Gramsci irá mostrar que mesmo alguns elementos que Marx introduzirá na superestrutura, funcionam muitas vezes como estrutura e servem para a transformação da primeira, quando não de sua manutenção. É a partir da análise destes conceitos que Gramsci trabalha suas idéias e críticas ao socialismo marxista – sabendo-se que Gramsci era bastante afeto ao comunismo.
Na parte que concerne à origem histórica do Estado, o autor mostra como Gramsci concorda com Marx, apesar de suas peculiaridades. A afirmação de que a não concordância das fronteiras geográficas com as fronteiras econômicas faz refletir o conflito entre as velhas e novas relações sociais e econômicas identifica o conjunto de idéias de Gramsci àquele exposto por Marx. A preocupação com a problemática da identificação cultural, porém também econômica para a definição das fronteiras de um Estado não se procedem de forma rápida. É por essa razão que é preciso a formação, num determinado espaço geográfico, de uma elite dominante capaz de gerir e criar uma força policial, por meio da qual, faz materializar a força e transforma aqueles que não detém os meios de produção em instrumentos do seu conjunto econômico. Este será o elemento definidor do Estado. Após estas determinações, é que se passa ao momento de sua definição geográfica.
A partir da criação deste Estado consolida-se então as antigas formas em elites e classes dominantes. Gramsci também concorda com Marx que a detenção dos meios de produção é determinante para se fazer prevalecer. Ora, é a classe dominante aquela capaz de inserir uma determinada ideologia em uma cultura, quando não mesmo criá-la. Aqui, cabe uma questão colocada em sala que é a seguinte: até que ponto está construção cultural não reflete, na verdade, um ato de violência simbólica realizado por uma classe dominante que se utiliza do Estado para sua efetivação? A chamada raison d´Etat ou razão de Estado é aqui formulada não como um ideal de que o Estado, tomado separadamente da sociedade, procede a formas culturais que lhe são próprias e passa a agir isoladamente com seus objetivos e propósitos próprios. Ele é um instrumento da classe dominante, da elite.
Por fim, o texto trata da definição que Gramsci utiliza de sistema. Esta noção Gramsci a buscou fortemente em George Sorel. Fazendo primeiro uma consideração sobre os diversos sistemas filosóficos, Gramsci defende que o marxismo se coloca acima dos outros pelo seguinte: é um conjunto de idéias sistemático, como talvez o é o de Hegel e como não o é o de Nietzsche. Entretanto, diversamente dos sistemas fechados de pensamento, o marxismo se lança constantemente à transformação, sem que o seu núcleo de intenções e categorias seja alterado. Gramsci entende que o marxismo é capaz de adequar-se aos momentos históricos particulares a cada Estado. Daí acreditar que os momentos de uma revolução se não se dão ao mesmo tempo em todos os Estados é porque cada um destes vive um momento histórico diferente. Gramsci vai mais longe e afirma que o marxismo pode transformar-se a tal ponto que se admitiria a possibilidade de criação de novas categorias para a explicação de novos fenômenos. Essa dinâmica, acredita Gramsci, é o que diferencia o sistema marxista dos demais.
Espera-se que este breve resumo possa ter sido coerente com o texto e que todos possam fazer bom uso dele. Afinal, o estudo de autores que sucedem Marx, porém que continuam de certa forma o seu ideal, é muito importante nos dias de hoje. É preciso que haja um contraponto às idéias e ideologias do capitalismo vigente, para que assim se realize a dialética histórica e novas formas – espera-se melhores – possam vir às novas gerações.


Autores: André, Sebastião e Ugo.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Resumo: Representação Política, Identidade e Minorias. Iris Marion Young.

Representação

- Relacionamento diferenciado entre atores políticos engajados num processo que se estende no espaço e no tempo.
- Necessidade da Representação.
A representação é necessária porque a rede da vida social moderna freqüentemente vincula a ação de pessoas e instituições num determinado local a processos que se dá em muitos outros locais e instituições. Nenhuma pessoa pode estar presente em todos os organismos deliberativos cujas decisões afetam sua vida, pois eles são numerosos e muito dispersos.
- A representação política não deve ser pensada como uma relação de iden­tidade ou substituição, mas como um processo que envol­ve uma relação mediada dos eleitores entre si e com um representante.


Conceito de Différance

- Pensar as entidades em termos de différance mantém-nas em sua pluralidade, sem requerer sua unificação numa identidade comum.
- As coisas são similares sem serem idênticas e são diferentes sem serem contrárias entre si, dependendo do ponto de referência e do momento em um processo.


Relação de Conexão entre Representantes e Representados

- Em vez de interpretar o significado normativo da representação como o ato de propriamente pôr-se pelos eleitores, devemos avaliar o processo de representação de acordo com o caráter do relacionamento entre o represen­tante e os eleitores.


Autorização e Prestação de Contas

- A autorização é um importante indício de representação. Uma pessoa que representa outras de forma oficialmente institucionalizada precisa estar autorizada a falar por elas e, talvez, a uni-las.
- A representação é um relacionamen­to diferenciado entre eleitores e representantes, em que a desconexão é sempre uma possibilidade e a conexão é mantida ao longo do tempo por meio de antecipações e retomada em momentos de autorização e prestação de contas.
- O representante está autorizado a agir, mas suas avaliações estão sempre em questão. Saber se ele agiu ou não conforme aquela autorização é uma questão pospos­ta a um momento ulterior, quando ele vier a prestar contas de suas ações aos representados.


Modos de Representação

- Interesses, opiniões e perspectivas.


Interesses

- Aquilo que afeta ou é importante para os horizontes de vida dos indivíduos ou para as metas das organizações.
- Interesses como auto-referentes e como algo diverso de idéias, princípios e valores.
- A representação do interesse é corrente na prática políti­ca, e talvez haja mais teoria da representação do interesse do que de qualquer outro tipo de representação.


Opiniões

- Princípios, valores e prioridades assumidos por uma pessoa na medida em que fundamen­tam e condicionam seu juízo sobre quais políticas devem ser seguidas e quais fins devem ser buscados.
- Juízo ou crença sobre como as coisas são ou devem ser e os critérios políticos que daí se seguem.
- Os partidos políticos são o veículo mais comum para a representação de opiniões.


Perspectiva

- Cada perspectiva social é particular e parcial com relação ao campo social em seu todo, e, a partir de cada perspec­tiva, alguns aspectos da realidade dos processos sociais são mais visíveis que outros.
- Uma perspectiva social não comporta um con­teúdo específico determinado.
- A idéia de perspectiva busca captar a sensibilidade da experiência do posicionamento num gru­po, sem especificar um conteúdo unificado para aquilo que a percepção vê.
- Os partidos políticos são o veículo mais comum para a representação de opiniões.


Representação de grupos marginalizados

- A desigual­dade socioeconômica estrutural com freqüência produz desigualdade política e exclusão relativa das discussões políticas influentes.
- Pro­piciar maior inclusão e influência aos grupos sociais sub-representados pode contribuir para que uma sociedade enfrente e reduza a desigualdade social estrutural.
- Em qualquer forma que assuma a representação de grupos não deve ser concebida somente por referência a atributos compartilhados por pessoas, assim como não consiste na manifestação de algum conjunto de opiniões, interesses ou experiências que todos os membros do gru­po compartilhem.
- Qualquer forma ou sistema de representação coloca o problema de haver “um só para muitos”, e a meu ver esse problema é mais bem enfren­tado pelos relacionamentos ativos de autorização e presta­ção de contas entre representantes e representados.
- Os princípios liberais de livre expressão e associação devem nortear a representação dos interesses e opiniões. Todos devem ter liberdade de expressar opini­ões e de se organizar coletivamente para torná-las públicas. Todos devem ser livres para organizar grupos a fim de pro­mover interesses particulares. Ambas as liberdades devem ser limitadas por regras que garantam uma similar liber­dade aos outros e proíbam atividades que lhes provoquem danos injustamente.
- Políticas de inclusão.



Autor@s: Mikael Neres Pereira e Graciene Lilian Lima Silva

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Teorias recentes da Democracia e o “Mito Clássico” - Carole Pateman, em Participação e teoria democrática

O texto de Carole Pateman faz uma análise sobre as principais idéias de autores da teoria democrática contemporânea, considerando a visão que têm sobre a participação da população na gestão política e revelando o mito da teoria clássica.
O ponto de partida é a pergunta: Qual o lugar da “participação” numa teoria da democracia moderna e viável? A resposta a essa pergunta parece irônica para os teóricos e sociólogos da política, já que acreditam que a participação deva assumir um pequeno papel e se mostra “perigosa”, geradora de instabilidade, quando largamente ampliada, ou seja, se questionam sobre a viabilidade de pôr a democracia, enquanto governo do povo por meio do máximo de participação de todo povo, em prática. Outra questão que torna inviável essa participação é o fato de associarem participação popular aos regimes totalitários (a população ia para as ruas, denunciava os vizinhos, enfim, participava ativamente da vida política, ainda que motivados pela coerção e intimação).
Um dos principais teóricos é Joseph Schumpeter. São em seus escritos que os demais autores se basearão para modelar seus conceitos de democracia. Schumpeter, em linhas gerais, faz a dissociação da teoria democrática com sua função de meio e fins, ele a define como um método político, um meio para se chegar as decisões políticas; restringe a participação popular ao voto nas eleições e diz que qualquer outra forma de tentar exercer o controle significa a negação para do conceito de liderança, ou seja, o controle só deve se dar pela substituição dos representantes nas eleições. Assim, ele dá as condições necessárias para a operação do método democrático: liberdades civis, tolerância quanto a opinião dos outros, “certo tipo de caráter e hábitos nacionais” e interesses envolvidos virtualmente unânimes em sua lealdade aos “princípios estruturais da sociedade existente”.

Baseados em Schumpeter, os demais pensadores políticos foram desenvolvendo e acrescentando suas idéias. Berelson vê a apatia e a participação limitada como algo positivo, pois amortece os choques da discordância, dos ajustes, das mudanças, servindo como manutenção da estabilidade do sistema. Ele também coloca que para que a democracia “sobreviva” é necessário limitar a intensidade dos conflitos, restringir a taxa de câmbio, manter estabilidade social e econômica, haver organização pluralista e consenso básico. Assim, segundo ele, a teoria moderna democrática é descritiva, concentra-se no sistema vigente, tem a participação e interesse de uma minoria de cidadãos e a estabilidade se dá a partir da apatia e desinteresse.
A teoria democrática de Dahl é a poliarquia, isto é, governo de múltiplas minorias. Ele a creditava que a representação da maioria era algo inalcançável e a forma de tentar representar a maioria das pessoas era através da representação das múltiplas minorias. Dentre suas idéias está a de igualdade política, não como igualdade de controle político e de poder, mas sim como igualdade de oportunidade a ter acesso para influenciar os que tomam as decisões, referindo-se também ao sufrágio universal. Dahl vê a participação como perigo, pois os menos favorecidos economicamente tem baixa atividade política e em sua classe está difundido o caráter autoritário dos líderes, assim, se aumenta a participação, o consenso pode declinar, declinando a poliarquia.
Continuando a idéia de poliarquia de Dahl, Sartori diz que não é só as minorias, mas também as elites em competição. Acrescenta que a desilusão com a democracia por parte das pessoas é porque prometeram os teóricos clássicos prometeram e não cumpriram. O medo que tem da participação popular está atrelado ao medo de que essa participação leve ao totalitarismo e afirma que a inatividade do cidadão médio está atrelada ao fato dele só se interessar quando tem uma experiência pessoal atrelada ao acontecimento.
Eckstein, após fazer suas análises, conclui que “para um sistema democrático estável, a estrutura da autoridade do governo nacional não precisa ser, necessariamente, pelo menos de modo puro, democrático”.
Os estudos desses principais teóricos sociais permitem delinear características gerais da teoria contemporânea da democracia: caráter empírico e descritivo, cujo método é a competição entre os líderes (elite) pelos votos do povo, que usufrui dessa escolha como única forma de manter seu controle sobre os líderes e de proteger contra as decisões arbitrárias dos mesmos e proteger os interesses privados; igualdade política (segundo os conceitos de Dahl); a garantia da estabilidade se dá na participação mínima necessária; não há um “caráter democrático” definido a todos os cidadãos; e a existência de algum grau de congruência entre estrutura de autoridade do governo e as estruturas não-governamentais próximas a ele.
Contudo, os teóricos democráticos contemporâneos não estudaram a fundo a teoria clássica, não pontuaram suas características e suas bandeiras, não a expuseram. Assim, não podemos saber se a revisão da teoria democrática é ou não justificável, constituindo, então, o “mito clássico”. O que mais se aproximou da possibilidade de um modelo clássico, foi o colocado por Schumpeter e os demais teóricos seguiram, sem questionar a sua natureza. Uma outra falha dos pensadores contemporâneos foi o fato de não terem considerado dentro do modelo clássico a existência de duas teorias: de um lado Bentham e James Mill (que se aproxima da teoria “clássica” proposta por Schumpeter) e por outro Rousseau e J. S. Mills (com a democracia participativa).
O modelo democrático contemporâneo, no que diz respeito a participação, não contempla a nossa realidade: temos uma população que não utiliza do seu poder de voto para exercer controle sobre os líderes. Tal prova é que, por exemplo, mesmo após de cassado, nós temos ex-presidente que volta a ser representante do povo, governantes envolvidos com atividades ilegais que voltaram a governar. Essa certa ausência de participação ao longo do mandato dos líderes faz com que estes tenham muita liberdade para se envolverem em atividades ilícitas e não defenderem os interesses de quem deveriam estar representando, e defenderem apenas os seus particulares. A igualdade política também não é realizável, dado que nem todos têm as mesmas oportunidades de acesso aos canais de influência sobre os líderes, aliás, pouquíssimas pessoas têm esse poder.
Não temos (e talvez nunca teremos) um modelo que condiza perfeitamente com a realidade em que vivemos. Entretanto, devemos sempre buscar soluções para que os problemas políticos de participação e representação popular se aproximem de um modelo viável na supressão das necessidades de todos os cidadãos, e que esse modelo não seja perfeito só na teoria e sim que tenha uma boa aplicabilidade.


Autoras: Maíra Gussi e Paula Bernardes – 2º semestre de Serviço Social

Resenha do texto: Os meios de Comunicação e a prática política, de Luis Felipe Miguel.

Luis Felipe Miguel formou-se em graduação no ano de 1988 na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tornando-se mestre e doutor nos anos de 1992 e 1997 pelas Universidades de Brasília (UnB) e de Campinas (UNICAMP), respectivamente. Atualmente ele é professor associado da UnB e bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq. Possui como áreas de estudo a mídia e a política.


Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, ao longo do século XX, houve não apenas uma reorganização dos ritmos da vida cotidiana e das fronteiras entre diferentes esferas sociais (com a uniformização do acesso a informação), permitiu-se a modificação de todo ambiente político. Ao assumir o papel de difusora principal do conhecimento, a mídia adquiriu a capacidade tanto de representar as temáticas e discussões sociais quanto de influenciar diretamente sobre a formação e o desenvolvimento de capital político, ainda que não possua o monopólio sobre essas ações. Na medida em que a mídia promove o acesso aos agentes políticos e a seus discursos, o prestígio e o reconhecimento social tornam-se dependentes da imagem transmitida pela mídia.


Percebe-se portanto, que num ambiente repleto de interesses (econômicos e sociais) a neutralidade da mídia é um aspecto no mínimo fantasioso, ainda que a política se constitua como um jogo político de bastidores e palco, a mídia possui caráter decisório na formulação da apatia social e na divulgação de informações dos bastidores (muitas vezes fundamentais, como o escândalo de Watergate).


Num sistema político consensual o desafio é alcançar uma representação mais equânime dos diferentes interesses sociais, para que a temática social encontre tanto a classe dominante quanto as minorias dominadas. Passa pela responsabilidade da mídia também esse aspecto, enquanto esfera da representação política: a democratização da esfera política implica tornar mais igualitário o acesso aos meios de difusão social.


Diz-se portanto que os campos da mídia e da política encontram-se interligados, contudo cada um apresenta suas próprias regras e objetivos. Nesse aspecto, os indivíduos pertencentes as esses dois campos necessitam em suas relações dialogar com a lógica do outro, ainda que mantendo os objetivos de seu referido campo. Compreende-se dessa forma que as relações entre política e mídia superam em muito as expectativas de apenas influências diretas e simplificadas de dominação, há toda uma complexidade de interações e conseqüências.



Autores: Mayko Vinícius e Rafael da Fonseca

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Resumo - Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade

Nesse texto, Judith Butler, faz um discurso a respeito do feminismo, suas características, seus defeitos e discute também a questão de gênero, sexo e desejo.


Ela mostra a identidade que o feminismo vem assumindo, tendo como sujeito principal a categoria “mulher” e seus principais objetivos, que são representações na linguagem e na política. E ela aponta um dos defeitos, que é o feminismo construir uma base única e permanente, tendo como sujeito apenas a mulher, essa categoria que é produzida e reprimida pelas mesmas estruturas por intermédio das quais busca a emancipação. Ela vê também uma possível forma de fracasso do feminismo na recusa em levar em conta os poderes constitutivos de suas próprias reivindicações representacionais. E sugere ainda que para essa representação ter sentido, o sujeito mulher não pode ser presumido.


O texto levantou discussões na turma, como por exemplo, quais ações foram tomadas para as mulheres terem representação política, e foi dito que já existem políticas que determinam um numero mínimo de candidatas mulheres nos partidos, entre outras.


Falando em mulher, Judith discute bem a questão do gênero, onde diz que o gênero é uma construção cultural, enquanto o sexo é biológico e, por ser cultural, o gênero não é um resultado casual do sexo e nem tão fixo quanto ele. O gênero pode ser mutável e por isso ela coloca que um corpo masculino pode ser homem/mulher e um corpo feminino não precisa ser necessariamente uma mulher, pode ser um homem também.


A partir daí foi citado na turma o caso dos homossexuais e dos travestis e como a sociedade os coloca a partir da construção homem e mulher.


Judith coloca também como o gênero estabelece interseções com modalidades raciais, étnicas, sexuais e regionais e é preciso separar gênero de interseções políticas e culturais onde a mulher é produzida e mantida para que ela alcance os objetivos do feminismo.



Autoras: Juliana Aretz e Larissa Melo

A figura feminina moderna e a literatura


O presente artigo acadêmico tem suas raízes no texto de Judith Butler, Problemas de Gênero – Feminismo e subversão de identidade. Esse material desperta grande interesse em seus leitores pelo viés tomado, apresentação da mulher não simplesmente com a estigmatizada figura de responsável pela casa e pela família, ao contrário, ele mostra que a mulher, atualmente, é vista como autora política e é diferencial na sociedade moderna.


A mulher, durante anos, foi vista como sinônimo de delicadeza e suas maiores conquistas estavam relacionadas às atividades domésticas. Contudo, os rumos tomados pela sociedade em conjunto com a força feminina, fez com que alguns desses estigmas fossem rompidos, proporcionando à mulher oportunidades de mostrar seu potencial aos mais diversos grupos. Na sociedade moderna, a figura feminina tem criado grande representatividade e, com isso, alcançado postos que há alguns anos possivelmente seriam inatingíveis. Atualmente, a mulher desempenha diversos papéis e, em muitos deles, ela é protagonista. Tem-se, então, a mulher como: mãe, dona-de-casa, esposa e profissional (neste aspecto, destaca-se o fato de algumas trabalharem mais de oito horas por jornada).


A figura feminina tem adquirido um espaço notório na contemporaneidade. A mulher que, hoje, protagoniza funções fundamentais dentro de uma sociedade preconceituosa e quiçá estamentada, infelizmente, ainda não possuí um papel tão relevante dentro do fantástico universo literário. Percebe-se que dentro de algumas obras literárias, por exemplo, ela ainda aparece de forma apagada, isto é, as funções desempenhadas são secundárias. Apesar de não ser a abordagem central deste texto, é sobressalente o fato de a literatura ser excludente não apenas a mulher, mas também a negros e desprivilegiados financeiros. Segundo Regina d'al Castagné[1], a literatura se distancia dos problemas sociais, ignorando além de mulheres, os negros e os homossexuais. “E, quando esses aparecem, são de forma estereotipada, o que aproxima o romance da telenovela”.

Regina D'al Castagné é autora de uma pesquisa que aponta o posicionamento da mulher dentro das principais obras brasileiras da atualidade. Com essa foi possível constatar que “menos de 40% das personagens são do sexo feminino. Além de serem minoritárias nos romances, as mulheres também têm menos acesso à ‘voz’, isto é, à posição de narradoras, e estão menos presentes como protagonistas das histórias”. Ainda nessa pesquisa, a autora constatou que:


Há uma diferença significativa entre a produção das escritoras e dos escritores. Só como exemplo, em obras escritas por mulheres, 52% das personagens são do sexo feminino, bem como 64,1% dos protagonistas e 76,6% dos narradores. Para os autores homens, os números não passam de 32,1% de personagens femininas, com 13,8% dos protagonistas e 16% dos narradores. Fica claro que a menor presença das mulheres entre os produtores se reflete na menor visibilidade do sexo feminino nas obras produzidas.


Segundo d'al Castagné, a representação ínfima das personagens femininas deve-se a eclosão do feminismo, pois, mesmo tendo aumentado o número de autoras, os homens sentiram-se retraídos. “Houve certo constrangimento e os autores entenderam que a mulher poderia ela mesma dizer o que pensava, o que provocou um recuo na quantidade de personagens.”


As representações femininas, nas obras produzidas a partir da década de 60, não destoam muito daquelas apresentadas em livros do século XIX. Se repararmos em personagens notórios de livros machadianos, por exemplo, é possível perceber que a mulher, apesar de imponente, é secundária em relação ao homem e não possuí funções senão as domésticas – cita-se Capitu[2]. Na escola naturalista, uma personagem que merece destaque é Bertoleza[3], essa foi utilizada por João Romão[4] para que ele pudesse ascender financeiramente. Em um avanço cronológico, em 1977, temos Macabea[5], essa era uma típica personagem de folhetim – pobre, apaixonada, perdeu os pais cedo e trabalhava quase de forma escrava. A partir das afirmações, percebe-se que apesar de a mulher ter conquistado um relevante espaço na sociedade, em alguns aspectos, neste caso a arte, ela ainda é vista de forma semelhante há alguns séculos.


Com os dados e enfoques deste escrito, entende-se que apesar da mulher ter atingido alguns patamares, em certos aspectos ela ainda é tida como frágil e deve se direcionar a atividades domésticas. Ressalta-se que quando negras as representações são ainda piores, pois elas, muitas vezes, são mostradas como subempregadas (empregadas domésticas e prostitutas) e sempre possuem apelativos sexuais.


A mulher ainda tem um extenso percurso para percorrer, contudo, lentamente, este é superado. Hoje, a mulher tem mais oportunidades tanto educacionais quanto profissionais, e isso lhe fornece excelentes oportunidades para alcançar uma melhor posição e respeito social. Atualmente, é possível encontrar cidades onde as mulheres têm maiores rendimentos que os homens. A figura feminina aos poucos perde aquela imagem estereotipada de delicadeza e de necessidade de protecionismo estabelecida pelos romances românticos e, cria uma imagem de força e ação. Assim, concluo que a mulher apresentada nos romances contemporâneos não é a mesma encontrada neste tipo de sociedade.


Bibliografia:

CASTAGNÉ, Regina in A construção do feminino no romance brasileiro contemporâneo disponível no endereço http://www.crimic.paris-sorbonne.fr/actes/vf/dalcastagne.pdf acessado em 16/02/2008 às 22:34
GRIFFO, Sonia Regina in Intencionalidades e Representações nas Práticas Discursivas na Literatura Infanto-Juvenil na Construção da Identidade Feminina. Publicado pela UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro – RJ.
LIMA, Agilberto in Personagens na literatura Brasileira. Publicado no Estado de São Paulo.

[1] Regina d’al Castagnè é graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, com mestrado em Literatura pela Universidade de Brasília e doutorado em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas.

[2] Personagem do livro “Dom Casmurro” escrito por Machado de Assis.
[3] Personagem do livro “O Cortiço” escrito por Aluísio de Azevedo.
[4] Idem.
[5] Personagem do livro “A hora da Estrela” escrito por Clarisse Lispector.



Autora: Taíze Carvalho

Publicação das críticas referente aos artigos dos colegas

Olá! Os 8 textos que se seguem são críticas dos diversos artigos aqui publicados, artigos esses baseados nos documentários Sicko, XXY e Sociedade do Automóvel.
Abraços,
Luíza Alencastro

Crítica ao artigo de Aline T "Na prática, a teoria é outra"

Este texto é uma crítica ao texto, presente neste site, Na prática, a teoria é outra de Aline T, que consiste num artigo sobre o filme “Entreatos – Lula a 30 dias do poder”, de João Moreira Salles.
O artigo de Aline relata de forma bem clara a mudança do discurso ideológico do Lula, e do PT, de 1981 para 2002. A relação de identidade que os sindicalistas e eleitores do PT tinham com o partido nos primeiros anos do partido, que era baseada em ideais comuns e próprios da classe. E o trabalho feito na campanha de 2002 para atingir os eleitos de centro e até mesmo os de direita.
Como a própria Aline colocou no texto, o PT partiu para a disputa das primeiras eleições supondo que conquistar o Estado seria a resposta para a mudança radical. Faltou informar no texto com o passar dos anos Lula, e o partido, foram percebendo que com o discurso que tinham não alcançariam o número de eleitores suficientes para ganhar as eleições. A realidade do país mudou consideravelmente entre 1981 e 2002, tanto nas esferas políticas, com a legitimidade dos poderes, como na esfera econômica, com a melhora do país no cenário externo e o desenvolvimento do mercado nacional. Além disso, a moderação e o afastamento dos ideais sindicais caminham juntos.
A revolução socialista, a ameaça ao direito à propriedade privada e a busca de alianças não foram somente uma mudança na mentalidade do PT, mas um resultado de fatores econômicos e sociais que estiveram presentes neste período de mudança. Por isso, tenho de discordar de Aline, quando ela coloca que o sentimento que acompanhou o partido passou a ser apenas um recurso midiatico. O cenário nacional e internacional mudou, a forma de se revolucionar as instituições, de implementar a reforma agrária, de desenvolvimento social mudaram, pois o Brasil não é só mais um país na América Latina, mas sim um dos maiores representantes desta região.
Com essa afirmativa não venho dizer que o Lula, ou o PT, agiram da forma mais correta, muito menos venho dizer que eles estão com toda a razão ao agirem desta forma, somente pretendo salientar que a ideologia de Lula sofreu mudanças, pois o mundo a sua volta mudou.


Autor: Pedro C. M. C. Valente – 8º semestre de Engenharia Civil

Crítica: “Alienação e manipulação” de Jorge Máximo

Jorge Máximo, em seu artigo Alienação e manipulação, faz bem em lembrar o passado da República Tcheca, quando as famílias não compravam além do necessário. Após os tempos cinzas de longas filas para adquirir meio quilo de comida, mercados e supermercados passaram a simbolizar prosperidade e liberdade, o que explica em parte o comportamento atual dos tchecos com relação ao consumo.
Apesar de estar atento à crítica de cunho econômico do documentário, o autor não se aprofunda suficientemente no exame do uso da manipulação com realce na política. É certo que o documentário demonstra como a rápida transição do comunismo para uma economia de mercado livre criou uma cultura de vício em publicidade e consumo na República Tcheca, a ponto de se poder criar mercado para qualquer coisa. Mas essa demonstração da facilidade com que a publicidade bem financiada pode manipular crenças serviu principalmente para introduzir ceticismo no discurso político tcheco. O trote, coincidindo com a campanha do governo para a votação positiva da entrada da República Tcheca na União Européia, forçou as pessoas a traçarem um paralelo entre as situações, compreendendo as duas como igualmente fraudulentas. E fez notar que grandes campanhas, sobretudo políticas, são vazias.


Autora: Aline T

Crítica ao artigo “Sicko – O quanto vale a vida de um Ser Humano?” de Nara Mendes

Assistir ao documentário Sicko, dirigido pelo polêmico cineasta norte-americano Michael Moore é realmente um exercício de compreensão sobre as diversas formas em que se estrutura o governo na garantia de direitos aos seus cidadãos. Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, França, e Cuba foram os países no qual Moore analisou o funcionamento do Sistema de Saúde.
Inglaterra e França, arrasadas pela Segunda Guerra Mundial, reconstruíram suas economias baseando-se numa grande intervenção do estado na gestão da máquina pública. Dessa forma, foram garantidos diversos direitos aos cidadãos, entre eles a universalização dos serviços de saúde prestados à população. A Revolução Cubana levou ao seu povo um modelo de alta qualidade na saúde pública; o Canadá, por sua vez investiu na década de 70 maciçamente nos serviços de saúde. Por esse motivo esses países estão entre os cinqüenta com os melhores índices de expectativa de vida da população.
O artigo de Nara Mendes, Sicko – O quanto vale a vida de um Ser Humano? revela a indignação que a autora tem sobre como se processa o Sistema de Saúde nos Estados Unidos. Nesse país o governo institucionalizou as seguradoras de planos de saúde ao ponto que a população norte-americana tem acesso a hospitais apenas por meio delas. Ou seja, a saúde nos EUA não é garantia do governa a toda a população, o Sistema de Saúde não é visto como um direito de todos, não é universal. Por causa disso uma máfia foi implantada na gestão dessas companhias para ampliar incessantemente seus lucros em detrimento da qualidade dos serviços prestados aos seus contratados.
A autora do artigo frisou bem os pré-requisitos que as seguradoras de saúde americanas exigem dos seus segurados: “são listadas a faixa etária, peso, sexo e como já não bastasse tudo isso, o indivíduo ainda não pode possuir nenhum tipo de doença, o que soa irônico por se tratar de um plano de saúde”. Nos Estados Unidos um em cada quatro americanos está obeso, e a tendência é que 73% dos adultos nos Estados Unidos eestejam ou com sobrepeso ou sofrendo de obesidade em 2008. Esse distúrbio é um reflexo da ausência de políticas públicas que intervenham no comportamento da população, o governo está fora da esfera da saúde e não se preocupa com o que seu povo consome, pela razão de não arcar com os custos desse sistema.
Nara ainda questiona se no Brasil, onde há semelhanças com os EUA na gestão de saúde, as deficiências do Sistema não convêm ao governo? Esse comportamento do estado seria uma forma de manipular a população, pois indivíduos desmoralizados, sem capacidade para refletir a própria situação e ainda enfermos não seriam capazes de reagir a toda agenda pautada pelo governo e pela mídia.


Autor: Jorge Máximo – Letras-Português 2º semestre

Crítica ao artigo da Francine M. Asobo (baseado no filme Sonho Tcheco) - Sangue, Comida e Diversão no Coliseu

Atualmente, é inegável uma relação de cumplicidade entre a Mídia e os “Atores Políticos” (nossos representantes, os que se apresentam no palco). Além de ser quase impossível se pensar em uma boa campanha política, e não associá-la a um pesado investimento no campo midiático. Mas também, é de grande relevância destacar que, muitas vezes, para que determinados candidatos possam se eleger é necessário muito mais que propagandas na TV, panfletos e carros de som. E isso ainda é mais visível nos casos de reeleição. Existem outros caminhos - também bastante eficientes – para se alcançar um grande número de votos.
Na Roma Antiga, o crescimento urbano trouxe consigo inúmeros problemas de âmbito social. O trabalho escravo substituiu a mão-de-obra assalariada dos camponeses, gerando assim, grande quantidade de desempregados na Zona Rural. Por sua vez, essa massa de desempregados migrou para as cidades romanas em busca de emprego e melhores condições de vida. Temente de que os desempregados instaurassem uma revolução, o imperador criou a chamada “Política do Pão e Circo”, que consistia em proporcionar entretenimento e alimentação aos romanos. Diariamente ocorriam lutas entre gladiadores em estádios – o mais conhecido é o Coliseu – e arenas. E lá mesmo, eram distribuídos os alimentos. Assim, a população desfavorecida esquecia os problemas da vida, e tinha menos chances de organizar uma revolta. Uma espécie de injeção de Morfina nos pobres.
Hoje, percebemos tal estratégia política através dos chamados “Showmícios”: candidatos promovem grandes espetáculos – muitas vezes faraônicos -, contratam artistas famosos, abastecem veículos para a execução de carreatas, distribuem lanches. Muitas vezes, muito barulho para absolutamente nada, ou quase nada: a inauguração de um estacionamento público, de uma praça, de uma pista.
Também não podemos nos esquecer de falar daqueles políticos que conseguem votos, que conseguem se eleger, através da coerção e de outras relações de poder como a compra e troca de votos, as ameaças – um bom exemplo são as demissões -, favores. A política do “Voto de Cabresto”, também conhecido como “Coronelismo”, foi e ainda é bastante usada no Brasil – em especial, em pequenas e afastadas áreas do país.
Com isso, quero dizer que existem inúmeras – e tão eficientes quanto – maneiras de um candidato se eleger, além do uso desmedido dos meios de comunicação. E os “políticos” que fazem uso de tais recursos, não deveriam ser assim chamados, pois não passam de carrascos, tiranos, que se aproveitam da sua posição política e econômica para oprimir, subjugar, e controlar os menos favorecidos. Não passam de um bando de algozes políticos.


Autor: Mikael Neres Pereira, estudante do 3º semestre do curso de História.

Crítica ao artigo “Alienação e Manipulação” de Jorge Máximo

O artigo escrito pelo colega Jorge Máximo, num primeiro momento, expõe de forma clara e sucinta os principais pontos colocados pelo filme. A trajetória histórica pela qual passa o povo tcheco é bastante adequada e breve. Trata-se de uma síntese, obviamente.
A relação entre as novas formas de vida e o amadurecimento do capitalismo em um país consideravelmente novo – aqui se tem por novo a formação deste Estado chamado “República Tcheca” – suscita algumas questões muito importantes. Talvez a única falha do artigo comentado tenha sido este. O de não colocar em questão os problemas advindos dessa rápida transformação por que passou o povo tcheco.
Vivendo ainda a ressaca de um socialismo mal formado, os tchecos se deslumbram com as possibilidades do livre comércio. O capitalismo se lhes aparece como a solução para todos os problemas. Entretanto, não estão acostumados às outras possibilidades.
Ingressando em 2004 na União Européia na qualidade efetiva de país membro, a República Tcheca se depara com uma estrutura já formada de uma organização comunitária aberta à economia de mercado e aos ideais de uma social-democracia – que por mais que se negue, é talvez o paradigma social que vige na Europa ocidental hoje em dia. Contudo não percebem que esta participação lhes é restrita, porquanto sua participação se resume às decisões em uma organização já pronta. As condições já estavam prontas e o capitalismo ali inserido já estava pré-ordenado. Os tchecos ainda não viram suas conseqüências.
Apesar de tudo, o artigo fora muito bem elaborado e também muito bem escrito. Impressiona ver a qualidade com o colega foi capaz de sintetizar as principais idéias do filme e ainda dar-lhes o tom de sua opinião. Fica apenas o elogio ao filme e ao artigo elaborado. E a questão sobre o embate entre as forças sociais embebedadas pelo socialismo e banhadas de um novo capitalismo permanece.

Autor: André Nunes Chaib. 7º semestre da Filosofia.

Critica sobre o artigo Problemas de gênero: Feminismo e Subversão de Identidade de autoria de Larissa Melo

Aneuploidia do cromossomo sexual – Síndrome de Klinefelter 44XXY
Imagine que um óvulo humano com dois cromossomos X (deveria ser só um pois nesse caso ocorreu um erro na meiose) seja fecundado por um espermatozóide normal contem um cromossomo Y, resultará em um menino 44XXY (trissomia e será 2 N=47 cromossomos o normal é 2 N = 46). Esse indivíduo terá sintomas que caracterizam a síndrome de Klinefelter : irá semelhar-se a um homem normal, porém terá testículos pequenos e produzirá poucos ou nenhum espermatozóide. São pessoas normalmente altas e possuem seios poucos desenvolvidos aproximadamente, metade dos portadores desta anomalia apresenta um certo grau de retardamento mental.
A síndrome de Klinefelter não é conhecida mundialmente como hermafroditismo verdadeiro, pois no caso esta síndrome nasce um indivíduo homem infértil, no hermafroditismo verdadeiro consiste em um erro no desenvolvimento dos gametas em vida ultra-uterina, no-lo escrito em meu artigo XXY. Quando falam-se de natural se diz respeito de acordo com o Aurélio normal é o que esta “na norma ”, em biologia normal vem a ser a relação entre dois indivíduos de sexo oposto frutífera, que possa deixar descendentes férteis. Foulcout trata a cultura como um efeito de uma lei repressiva; a cultura só é repressiva quando um indivíduo faz um desvio social e o não comprimento do seu papel dentro de uma sociedade funcional, é o próprio homem que necessita deste mecanismo para continuar sendo a espécie dominante no mundo. Quando esperamos que as luzes dos postes estejam acesas, o corpo docente lecionando, ônibus passando em hora e local determinado, estamos reproduzindo e legitimando os nossos papeis sociais, e nossa sociedade para continuar a existir necessita destas estruturas funcionais. Foi a “forma que a sociedade achou de se defender e se proteger com toda força comum as pessoas e os bens de cada sócio, e pela, qual unindo-se cada um a todos não obedecendo toda a via, sobre a si mesmo e fiquem tão livres quanto antes” (Rousseau;1762:31), Pois “a partir do momento em que esta multidão assim está reunida num corpo não se pode ofender um dos membros sem danar o corpo e ainda menos ofender o corpo sem que os membros o ressintam” (Rousseau;1762:33).


Autoria: Cleodoberto Shakespeare

Comentário sobre o artigo de Natália Resende de Andrade: A Sociedade do automóvel e suas repercussões

A autora do artigo a meu ver pautou apenas em descrever o documentário,enumerando assim as questões que foram colocadas pelo mesmo.Sem no entanto,apresentar argumentações que por sua vez pudessem problematizar os assuntos suscitados tanto pelo documentário,quanto pelas as aulas no decorrer do semestre.
Um dos pontos pouco explanados e que gostaria de fazer um breve comentário é o fato de que o carro que foi feito com um intuito inicial de diminuir distâncias,acabou por sua vez não apenas ampliando-as fisicamente ao passo que muitas vezes observa-se nos grandes urbanos centros que se chega mais rápido aos lugares de bicicleta e muitas vezes até à pé do que de carro.Mas principalmente na questão da ampliação das distâncias econômicas,excluindo pessoas de determinados lugares sem por uma placa dizendo: não entre,pois o fato de não ter carro já dificulta chegar a determinados lugares.O poder atribuído ao objeto carro que muitas vezes parece ter vida própria e não é visto apenas como um meio de transporte,mas como parte do ser que o possui.Conferindo assim para seu dono um certo ar de superioridade sobre os demais,o que nos leva à velha premissa da construção individualista que o capitalismo por sua vez confere aos indivíduos.


Autora: Valdene Costa Rocha

Control Room – A mídia e suas ações.

O comentário presente tem como base o artigo Hegemonia cultural aplicada à mídia da estudante de história Karolline Pacheco Santos, sendo focados certos pontos principais expostos e adicionados alguns complementos.


Como posto no artigo, a mídia é um ator ativo e de importância fundamental no campo político atual, apresentando tendências de acordo com o que é mais relevante. Essa ênfase é justamente dada pelo grupo dominante que também comporta boa parcela de influência nas decisões do que vai e como será noticiado. E isso não pode ser considerado uma repressão por parte daqueles que detém tal poder, mas sim um jogo de interesses mútuos que se completam a fim de que objetivos específicos sejam atingidos.


Não cabe à mídia americana, por exemplo, explorar imagens de seus soldados mortos, como mostrado no filme pela Al-Jazeera, pelo fato de que seus telespectadores e leitores não desejarem tal notícia, tendo uma repercussão negativa na sua área de atuação. A rede árabe, no entanto, não apresenta tal preocupação já que, como dizem seus repórteres no filme, estão invadindo o país deles e tais imagens, sejam sensacionalistas ou não, demonstram uma realidade que cabe à Al-Jazeera realçar.


O citado cientista político italiano Gramsci explica, através de seu conceito de hegemonia cultural, o porquê da não ocorrência da revolução do proletariado na Europa Ocidental, considerada inevitável pelo marxismo ortodoxo de Lênin, no século XX. Desta forma, pode-se estender a observação acima ao campo midiático, tendo em vista que tal conceito expressa a coerção ideológica como participante essencial no processo de dominação, como verificou-se também naquela época.


No mesmo contexto, o sociólogo francês Pierre Bourdieu expõe seu ponto de vista com a conceituação de campo. Este, por sua vez, é a representação de um espaço considerado simbólico, no qual há lutas dos atores que legitimam suas ações, dominações, enfim. A mídia encontra-se nesta visão, sendo um instrumento importantíssimo de dominação e legitimação daqueles presentes neste campo.


Para a autora também, a mídia representa uma forma de que a hegemonia cultural se faça presente na sociedade civil, difundindo valores que determinam interesses. Isto tudo ainda no conceito gramsciano. Todavia, independente em qual filósofo ou sociólogo se está embasado, a mídia não está no pilar da neutralidade tão evocado por aqueles que estão nos bastidores e, ao mesmo tempo, são atores do mundo moderno.




Autor: Renato Ávila de Azevedo – Engenharia Civil.

ica ao artigo Há imparcialidade no meio midiático? De Mayko Vinícius.


O artigo Há imparcialidade no meio midiático? é baseado no filme Control Room, que retrata as diferentes abordagens dadas pela mídia na cobertura da guerra no Iraque. O artigo trata bem este aspecto, quando traz a idéia de Luis Felipe Miguel em seu texto, Os meios de comunicação e a prática política, sobre o poder que a mídia tem relatando para a sociedade o que ela quer e de acordo com os interesses específicos de cada emissora, ou seja, do grupo que a comande. Assim ele responde a pergunta que intitula o artigo, mostrando a tendenciosidade da mídia nas abordagens dos fatos. No filme isso ficou bem claro no que se refere às coberturas da guerra feitas por emissoras americanas e árabes, cada uma interpreta os fatos buscando favorecer seu lado.


Só não concordo quando o Mayko fala das razões que levaram a guerra, acho que os motivos vão muito além de “deter Saddam Hussein” e outros “tratados como anarquistas”. Interresses políticos e econômicos nortearam a invasão e não a fachada colocada (a luta contra o terrorismo e às armas de destruição em massa).


Acho que a quando nós procuramos criticar a influência da mídia, muitas vezes já estamos influenciados por ela.


Autor: Rodrigo César Cavalcanti do Nascimento

Comentário sobre o filme XXY de Lúcia Puenzo, apresentado por Karolline Pacheco Santos.

O problema da sexualidade é algo muito antigo e tema de diversas discussões entre estudiosos como Judith Butler, witting, Simone de Beauvoir, Irigaray, faculdades de medicina, universidades, entre outros que publicaram diversos artigos sobre esse assunto e contribuíram para o entendimento da problemática sexo/gênero que para alguns grupos gera discriminação contra a escolha da opção sexual e o problema dos chamados hermafroditas que, pelo fato de apresentarem os dois órgãos genitais, principalmente devido a um processo teratológico, ou seja, uma má formação embrionária são obrigados a escolher um dos sexos, muitas vezes, prematuramente, por orientação dos pais, onde um dos sexos é extirpado sem que se leve em consideração a decisão da pessoa afetada por essa anomalia. A questão a ser levantada é o fato de essas pessoas chamadas vulgarmente de hermafroditas sofrerem discriminação na escola, no trabalho e em todas as áreas de convivência com outras pessoas tidas como normais. Essa discriminação leva em conta um problema muito mais abrangente e profundo em que só existe a possibilidade de um indivíduo estar classificado no sexo feminino ou masculino sendo que o caráter determinante para a classificação sexual é a existência de determinado órgão reprodutor sendo que o homem apresenta a existência de um pênis e a mulher de uma vagina não existindo espaço para um ser com os dois membros simultaneamente. Segundo Judith butler em seu livro a problemática do gênero ela questiona o que seria sexo e se os fatores determinantes seriam naturais, anatômicos, cromossômicos ou hormonais. Independentemente da causa do problema e fato que o filme demonstra que as pessoas que sofrem com a intersexualidade escondem esse problema, se é assim que se pode chamar, para evitar os constrangimentos em detrimento dessa multiplicidade de órgãos. Na segunda metade do século XX conhecida na medicina como “era da cirurgia”, na qual o sexo do individuo com ambigüidade genital submetia-se a cirurgia de genitoplastia que permitia a eliminação das características indesejáveis e a acentuação daquelas que fossem condizente com o sexo de criação permitindo a escolha do sexo pelo próprio indivíduo hermafrodita. O que é posto no filme de forma clara e objetiva onde Alex é de certa forma coagida a escolher entre um de seus sexos passando assim por uma situação embaraçosa e de difícil solução principalmente pelo fato de não transmitir no filme o desejo pela definição pelo sexo masculino ou feminino. De fato a personagem Alex mesmo tendo uma certa consciência de seu problema não deveria realizar sua escolha sexual sem antes realizar exames endocrinológicos e ser analisada por profissionais da genética clínica, psicólogos, cirurgiões, especialistas em citogenética, geneticistas, anatomista patológico e médicos para poder saber a viabilidade da escolha sexual e servir como parâmetro para a tomada de decisão pela personagem. O fato que foi mostrado no filme, foi a visita do pai de Alex a um frentista que sofria do mesmo problema de hermafroditismo da filha e que havia realizado a cirurgia de genitoplastia optando pelo sexo masculino e o fato de sua mãe ter convidado um cirurgião para analisar a situação da filha para uma provável cirurgia definidora de sexo, o que não seria suficiente para realizar tal procedimento em vista da complexidade do problema. o texto retratando o filme exposto por karolline Pacheco em sala de aula evidencia os principais dilemas enfrentados pela personagem Alex no filme XXY. A autora apresenta grande discernimento em relação ao texto e aborda de forma simples e objetiva o filme demonstrando grande sensibilidade em relação a tema tão complexo principalmente quando fala sobre a marginalização da pluralidade sexual atinente ao ser humano e quando aborda a necessidade de o ser humano ser classificado como macho ou fêmea.

Autor: Alexandre Zandona

Crítica ao artigo Control Room e sua abordagem da mídia, de Natália Rezende Andrade

O artigo Control Room e sua abordagem da mídia, da aluna Natália Rezende Andrade traz considerações muito interessantes a respeito do filme que mostra a manipulação da mídia sobre pessoas e fatos. Ao citar Bourdieu, Natália é certeira. Concordo plenamente com a idéia que ela traz sobre a legitimação das opiniões dominantes “forças que exprimem seus estilos de vida por si próprias e seus instrumentos para tais, dando origem a uma distinção social”(Rezende, 2008).
Além disso como estudado em sala, há filtros impostos pelas redes midiáticas que determinam quem são e como devem se portar aqueles que terão espaço e tempo de exposição na TV ou no rádio. Exemplo do filme são os próprios militares americanos que aparecem nos noticiários das redes ocidentais (Rezende, 2008). Eles são sempre objetivos, experientes, seguros e enfáticos sobre a missão que estão desenvolvendo no Iraque o que dá, sem dúvida, a sensação de legitimidade ao povo americano sobre o motivo da permanência das tropas em um país tão sedento de ajuda.
Entretanto, a TV Al Jazeera ao mostrar os soldados americanos, encontra jovens despreparados, perdidos, que não fazem idéia do porque estão lutando, apenas recebem ordens, para ocupar, matar de forma banal, ignorando a população civil e tratando a todos como terroristas. Na linha de frente, o combate entre população iraquiana e soldados americanos, é quase uma guerra de cegos. A diferença é que a linha de soldados americanos possui munição pesada, com a mira voltada a um povo quase indefeso a tamanha atrocidade.
Outro ponto interessante do artigo citado é quando a autora aborda a neutralidade da mídia. Concordo sim que a neutralidade não existe e acredito que seria mesmo este o melhor caminho se pudéssemos ter direito a uma mídia plural, não hegemônica e empresarial, como existe hoje. A mídia vai ser sempre imparcial, o simples fato de decidir o que falar em determinado espaço de tempo já é deixar de ser neutro.
Mas por outro lado, a autora finaliza seu texto com uma afirmação que me deixou no mínimo confusa. Ao dizer que fica o questionamento a cada um acerca do que pretende ver ou do que lhe é mais conveniente, acredito que não há, na grande e esmagadora maioria das vezes, este tipo de escolha. Exatamente por ser um meio poderoso, a mídia consegue minar este tipo de opção sobre o que se quer ver.

Ou será que seria/será possível ligar a TV e pensar “Quero um programa que me diga a verdade!”, o que pode chegar mais perto de uma respostas para isso, hoje, é algo do tipo “Qual verdade você quer?”.


Autora: Daniela Moura 7º Semestre de Jornalismo

Alternativas à questão social do gênero

O artigo intitulado Questão social do gênero – o caso de Alex escrito por Juliana Aretz traz reflexões bastante interessantes. O filme analisado foi o XXY, cuja temática perpassa questões de gênero. Alex, protagonista do filme, apresenta os dois órgãos sexuais e como Juliana colocou, sofre com a indefinição de seu gênero.
A construção dos gêneros masculino e feminino é um processo não apenas cultural, mas também social. Conforme Juliana trouxe, em Gênero e Sexualidade, Judith Butler aborda essa construção: homem – macho – masculino; mulher – fêmea – feminino; cada um possuindo atribuições definidas, sendo quase impossível alterá-las. Não acredito nessa impossibilidade de alteração na construção do gênero tampouco na dificuldade de fuga deste padrão. Os papeis masculinos e femininos sofrem um processo longo e vagaroso de construção e representam uma reprodução dos comportamentos e preconceitos presentes na sociedade.
Quem aceitaria, há 20 anos atrás que o homem freqüentasse centros de estética e de moda e se preocupasse demasiadamente com a aparência? Ser vaidoso era um papel exclusivamente feminino, mas que hoje é também exercido pelos homens. E sobre o tão sagrado esporte masculino – o futebol. Seria bem recebida uma mulher juíza ou bandeirinha? Hoje esses, e outros preconceitos já foram superados em grande parte. Lógico que o caminho que ainda falta percorrer é desproporcionalmente maior que o que já foi percorrido, mas serve para corroborar a crença na reconstrução dos gêneros.
Outra reflexão trazida por Juliana foi a relação entre Alex e Álvaro (outro personagem de XXY). Estes dois personagens vivenciam um relacionamento aparentemente “normal” (heterossexual), mas diferenciado subjetivamente falando. Alex se relaciona sexualmente com Álvaro, com seu “lado” masculino e Álvaro por sua vez se sente bem com isso. O que é possível tirar desta relação é o medo de Álvaro de assumir sua homossexualidade e a construção do gênero de Alex ainda inacabada. Um tem não coragem de assumir que sente atração por homens e a outra busca experenciar situação que a ajudem a se conhecer e conseqüentemente estabelecer sua identidade.
O dilema de escolha vivenciado pela protagonista do filme se dá uma exatamente por ser um dilema de gênero, que é algo construído. O dilema reside nas dicotomias mantidas e estimuladas pela sociedade (bem-mal; esquerda-direita; homem-mulher). Existem papeis para cada gênero; tais papéis impõem direitos e deveres a cada categoria. Homens devem ser violentos, racionais, fortes e provedores; as mulheres deveriam ser mais emotivas, frágeis, e “do lar”. Essa visão dual (e extremamente limitada) talvez exista para facilitar o entendimento sobre o mundo; o que está claro, definido e é facilmente distinguido de outro permanece já o que é incerto, indefinido, é negado e condenado.
O Estado deve então investir em políticas que estudem e trabalhem as questões de gênero na sociedade. Deve se preocupar em erradicar o preconceito quanto aos papeis, a gêneros e ao sexo, pois são exatamente esses preconceitos que provocam as diversas situações contra mulheres e homossexuais. Se mais atenção for dada esse tema (gênero) será possível enxergar e reordenar as prioridades. Num contexto onde se fala bastante sobre a inclusão do negro, não se percebe que a mulher é submetida a situações mais desvantajosas ainda. Que o Estado procure se informar dos dados e verá que a mulher tem sempre menos acesso a empregos e benefícios, seja ela negra ou não.

Autor: Raphael Andrade - 8º semestre - Psicologia

Crítica ao artigo O Sonho Tcheco de Sebastião Gomes

Sebastião, em seu artigo O Sonho Tcheco, colocou muito bem sobre a influência histórica da mídia no processo de não só formação, mas também manipulação das massas. Isso no campo da política, da guerra ou na esfera do consumismo. Porém, ele só comentou isso. E o filme apresenta algo mais além da influência permissiva, o poder de propaganda nas pessoas e o consumismo alienado.
Por se tratar de um país até pouco tempo comunista, fechado ao mundo, pouco se sabe sobre a população tcheca. E através das entrevistas com os cidadãos que se observa a sua realidade: um povo na maior parte, descontente e descrente de seus governantes, ansiosos por uma vida sem políticos. E na sua maioria, admitem ser de fácil manipulação, sendo levados por marés sem questionar muito os fatos, agindo por mera curiosidade e impulsos materialistas.
Após serem decepcionados com a grande “inauguração” de um grande banner, onde tinham depositado expectativas de realizar desejos, ao serem questionados sobre o que acharam do ocorrido, a grande maioria correlacionou a “brincadeira” de mal gosto aos seus representantes políticos.Isso é interessante, parece mais que os políticos dali são usados apenas como bodes expiatórios, sendo os responsáveis por qualquer desilusão da sociedade.
A idéia fez com a população refletisse no motivo de terem caído nessa ilusão e muitos perceberam que estavam sendo movidos apenas pelo anseio, desejo de consumo e, talvez, alguns repensaram sobre essa forma de agir e o que ela implica.
Outro detalhe importante é que a estória ocorreu perto do referendo sobre a incorporação do país na União Européia. Com isto, os autores conseguiram suscitar nas pessoas questões sobre o real significado e interesse das campanhas existentes sobre essa decisão política e econômica.


Autor: Kariel Alexander Coêlho de Araújo, 10° Semestre de Engenharia Agronômica

Crítica sobre o artigo “O mito da neutralidade em Control room” por Autora: Andréa Moura Batista - 3° Semestre de Serviço Social

O documentário “Control Room” nos mostra como é fazer parte da Al-Jazeera e que tipo de pessoas forma a equipe a partir dos tradutores aos jornalistas. É impressionante ver uma equipe inteira de pessoas que são inteligentes e estão comprometidos á idéia de debate e comunicação. É raro encontrar algo assim nos postos de jornalismo.
No filme há momentos específicos que são profundos e tristes. A morte do jornalista da Al-Jazeera, por exemplo, e o ataque organizado pelos americanos que foi responsável pela morte de um de seus correspondentes e três outros jornalistas.
O “Control Room” é um filme sobre a guerra no Iraque. É um filme que com certeza abriu um espaço grande para debates sobre a televisão e os objetivos do jornalismo não só nos EUA e Iraque, mas em outras partes do mundo também. É um filme desafiante, mas ao mesmo tempo satisfatório.
Um artigo que li e achei muito interessante e bem escrito foi da autora Andréa Moura Batista que está no terceiro semestre de Serviço social. Gostei do fato dela ter mencionado o Pierre Bourdieu, sociólogo francês, no início de seu artigo e como ele fez as relações de poder dentro do campo mídiatico, político e social. A autora também mencionou em seu artigo, Luis Felipe Miguel e seu argumento de que “as pessoas aceitam o que lhes é imposto sem questionar-se acreditando que os outros também aceitem”. A frase acima é bem verdadeira e tem sido assim já há muito tempo. No artigo, Maquiavel também é mencionado em sua obra “O príncipe”. A autora finaliza seu artigo dizendo que “os seres humanos sempre vão buscar definir seus próprios interesses”. Isso não é de hoje. Nós seres humanos sempre buscamos aquilo que vai nos trazer vantagens. Nós lutamos para conseguir aquilo que nos interessa porque se nós não fizermos isso ninguém o fará.
Apesar de o artigo ser simples, a autora conseguiu apontar as idéias e pontos principais do documentário “Control Room”, e com poucas palavras conseguiu esclarecer também essa idéia de política e mídia.

Autora: Francine M. Asobo – 1º Semestre de Relações Internacionais

Crítica do artigo “Uma tentativa válida” de Stefanie Cavalcante

“Quem sabe se tivéssemos um Michael Moore brasileiro fazendo o Sicko nacional, o SUS finalmente funcionaria?” (CAVALCANTE). A partir dessa questão propus-me a algumas possíveis respostas e idéias acerca do tema.
Como muito bem citado pela autora, no início há o grito, um grito de espanto, ira e indignação, que antecipa toda forma de questionamento e discussão, assim exemplifica-se muito bem o próprio papel assumido por Michael Moore em seu documentário. O grito tem portanto um papel de ativador sobre as necessidades de um grupo ou toda sociedade. Resta contudo um balanço a ser realizado: até onde esse grito é capaz de ser ouvido? Uma vez que, como no próprio caso do Brasil, a violência simbólica encontra-se tão presente na vida social e as esferas de poder tem uma grande quantidade de artifícios que permitem naturalizar e legitimar conceitos em toda sociedade (leis).
Quando o SUS (Sistema Único de Saúde) foi criado em 1988, surgiu com o ideal de transformar a saúde num direito público e universal, a partir das idéias européias de sistema de saúde. E realmente não pode-se negar a validade da tentativa, entretanto no espaço científico as ações tendem a perder seu significado inicial, o discurso se descaracteriza (HOLLOWAY). Hoje ainda que dotado de uma base teórica considerável (pautado nos princípios da equidade, universalidade, racionalidade, descentralização, entre outros), o SUS encontra dificuldades absurdas em suas práticas diárias.
A primeira e mais óbvia dificuldade chama-se capital. A manutenção de um sistema de saúde público exige a distribuição racional de verbas, sem desvios e fraudes, como se observa em muitos municípios. Além disso o foco adotado pelo sistema deve ser concebível com o perfil econômico do país, ou seja, há necessidade na definição entre a amplitude das esferas preventivas e das esferas curativas. Adotar medidas preventivas normalmente resultam na maximização do sucesso do tratamento e na qualidade de vida da população, além de permitir redução de gastos. Teoricamente o SUS cobre esse aspecto, todavia a prática da inserção dos centros de saúde na comunidade ainda é falha. Assim como fica evidenciado no documentário com o exemplo de Cuba, que possui uma medicina essencialmente preventiva.
Há ainda de se mencionar a quantidade de usuários do serviço público que lotam as filas de hospitais por todo o país. Na maioria das vezes o atendimento inicial eficiente as pessoas nos seus locais de origem seria capaz ao menos amenizar a demanda nos grandes centros. Essa aliás, é mais uma das contradições teóricas do SUS, o principio da descentralização, o atendimento primário junto aos moradores, o papel a ser desempenhado pelos centros de saúde. No entanto, mais uma vez, a carência de material humano e insumo hospitalar torna a marcação das consultas como um duelo de quem chegou primeiro. A universalidade do sistema estranhamente passa pela distribuição de senhas, e não pelo atendimento pronto e imediato.
Outro problema na prática do SUS é a incorporação das lógicas predominantemente capitalistas e objetivistas nas esferas acadêmicas, que minam o numero e a satisfação dos profissionais de saúde. Frente aos baixos salários e a falta de material (gaze, luvas, mascaras) é praticamente certa a migração dos profissionais para a esfera privada. Empiricamente observa-se que o sistema de saúde acaba sendo visto como apenas um meio transitório de recém-formados ingressarem no mercado e aprenderem um pouco mais, antes de se lançar em suas próprias clínicas.
Em resumo, diria que se um Sicko nacional fosse feito, seriamos capazes de observar uma imensa contraditoriedade entre o que se diz e o que se faz. No Brasil, somos “assegurados” por lei, e ninguém tem seu atendimento negado por falta de seguro, todavia a ineficiência às vezes é tão grande, que aos milhões de usuários as diferenças não são tão significativas assim.
Bibliografia:
HOLLOWAY, J. Mudar o mundo sem tomar o poder: o significado da revolução hoje. São Paulo: Viramundo, 2003.
CAVALCANTE, S. Uma tentativa válida. Brasília: 2008
<http://www.sespa.pa.gov.br/Sus/sus/sus_oquee.htm> última visualização em 19 de fevereiro de 2008.


Autor: Rafael da Fonseca, estudante do 8º semestre de Odontologia

Crítica ao artigo “Mais um recorde de vendas” de Rodrigo Cavalcanti

É realmente preocupante que a produção e, mais regionalmente, a matrícula seja apresentada pela mídia como uma boa notícia. Em um país que formou em torno do automóvel, sua grandes cidades apresentam um enorme dilema: investir em melhores vias e maior escoamento da sua frota, mantendo assim, o tratamento sempre dado à propriedade privada; ou privilegiar o transporte público e os não poluentes, como a bicicleta.


Concordo com Rodrigo quando expôs como fetiche a posse de um carro e o carrega de simbolismo como poder, liberdade e conforto. Quando cita a imposição da industrialização e da importância que a escola possui nesse processo.


Quanto ao uso dos biocombustíveis é sabido que essa alternativa aos combustíveis fósseis nasceu em meio a crise do petróleo nos anos '70. Há outras opções como uso do ar comprimido e das células elétricas. A que se falar também dos veículos feitos de material reciclado, biodegradável e por possuir um maior compromisso com a natureza ao poluir menos.


É bem verdade , como fala nosso colega, que o sob o uso da bandeira de ecologicamente correto há uma grande jogada de marketing, na qual inúmeras empresas se apoiam para alavancar suas conquistas.


Ao meu ver, faltou discutir quais medidas poderiam ser utilizadas para tentar solucionar um problema que atinge a todos sem distinção, embora haja quem não enxerge isto.


Autor: Vagner Maciel

Crítica: ao artigo Transporte Ativo - Apocalipse Motorizado

Esta crítica é direcionada ao artigo Transporte Ativo - Apocalipse Motorizado escrito por Felipe Carvalho Silveira, esse foi apresentado como forma avaliativa da disciplina Introdução à Ciência Política – ICP ministrada por Gustavo Amora. Transporte Ativo é um artigo muito interessante, pois busca suas bases teóricas ainda na Revolução Industrial e gradativamente evolui ao ano de 2007. Esse aborda basicamente a temática “carro e seus problemas”.


Creio que esse artigo merece duas classificações: uma positiva e, outra que não é necessariamente negativa. A positiva deve-se a forma como o tema foi abordado, usando como embasamento a cronologia, para isso autor lança pequenos trechos históricos visando uma melhor exploração e abordagem de seu tema. Já a “negativa”, é direcionada a classificação dada por ele ao automóvel, acreditando que esse, atualmente, possui “uma função distorcida daquela para qual foi criado”. Para uma melhor articulação, optei por definir os apontamentos, os quais discordo de Felipe, assim:




  1. “Em pouco tempo, o automóvel tornou-se um objeto de desejo, o sonho de consumo de todos”. Acredito que se o carro chegou a tal patamar não é apenas por ser um objeto de desejo ou que denotasse riqueza, mas por ter facilitado em milhares de vezes a vida do homem. Atualmente, é quase impossível se pensar em grandes centros-urbanos que não possuam uma grande frota automobilística. A principal conseqüência disso é que as montadoras melhorem seus produtos para que além de atender melhor os seus clientes, possam lhes possibilitar a escolha, de acordo com suas finanças, do melhor veículo. Fato que possibilita o desenvolvimento econômico.


  2. “Políticas públicas tiveram que ser adotadas, como, por exemplo, no lugar da praça, o shopping center; no lugar da calçada, a avenida; no lugar do parque, o estacionamento e, como conseqüência, em vez de vozes, motores e buzinas”. Esse é um ponto importante, pois, simultaneamente, concordo e discordo, o fato de terem surgido novas e grandiosas construções (shoppings) não foi apenas para adequação ao crescimento da quantidade de veículos, e sim para proporcionar a sociedade um melhor conforto, dentro de suas atuais necessidades. È quase impossível imaginar uma metrópole como São Paulo dotada de praças, porque, hoje, visa-se o bem-estar humano que, infelizmente, está se distanciando de elementos simples de comodidade e, cada vez mais, aproxima-se de uma realidade, em que o importante é a aquisição de bens e finanças.


  3. “O inchaço nas grandes cidades foi avançando no passar das décadas. A conseqüência desse aumento na quantidade de carros nas ruas foi se agravando”. O aumento do número de carros denota diretamente dois fatos: primeiro, a população possui um maior poder aquisitivo; segundo, os transportes públicos oferecidos não atendem as necessidades diretas do cidadão. Pode-se perceber isso a partir das afirmações: as passagens possuem um alto custo, em Brasília, por exemplo, é possível gastar até R$ 10,00 para se deslocar de uma cidade satélite para o Plano Piloto (distância média de 30 km); os ônibus além de antigos, são de péssima qualidade e, muitas vezes, quebram durante seu percurso; há uma demora tanto ao esperá-los quanto nos trajetos (em média uma hora em algumas linhas).

Em acordo com o exposto, acredito que o carro não deve ser visto como “grande vilão”, ao contrário, ele facilita muito o cotidiano daqueles que o utilizam. No entanto, deve-se buscar maneiras de reduzir os malefícios que ele causa ao meio-ambiente. É ainda sobressalente que o “descontrole” na compra de automóveis é basicamente pela ausência de um transporte publico que faça jus à sociedade. Assim, é necessário que haja um replanejamento de toda a estrutura do transporte público brasileiro. Talvez, seja possível também o incentivo a transportes alternativos como a bicicleta ou carona solidária (pessoas que vão ao mesmo local possam alternar o uso de seus veículos). Por fim, afirmo que o ideal não é acabar com os carros, mas criar outros meios de transportes que possam ter um menor custo e seja menos danoso à natureza.



Autora: Taíze Carvalho

Uma outra face do crime

Para compreender o funcionamento de um sistema, muitas vezes o exercício observatório não é suficiente. Nesses casos, a inserção do analisador no universo estudado se faz atividade fundamental para bom entendimento dessa esfera. Sicko, documentário de Michael Moore, trata de algo que o diretor, como, além de pesquisador, cidadão americano, pode ponderar: o sistema de saúde estadunidense. Para fazer sua crítica, Michael utiliza o método comparativo, que induz o espectador a tomar um dos objetos expostos como correto. Nesse caso, as referências utilizadas para construir o segundo pólo são os sistemas de saúde canadense e de alguns países europeus. O artigo Sicko – O quanto vale a vida de um ser humano?, da aluna Nara Mendes, expõe abertamente a problemática do interesse político como plano de fundo da qualidade na oferta de serviços destinados à comunidade, tendo evidentemente os médicos em foco.


A abordagem da aluna se mostra muito interessante, especialmente por trazer informações de autoridade como a mais famosa obra de Maquiavel e fatos presentes no atual palco político brasileiro para, assim como Moore, tecer sua linha comparativa. Todavia, diferentemente do cineasta, seu posicionamento é bem mais imparcial em relação à superioridade de algum deles. Ela não privilegia qualquer um dos mundos que retrata, pelo contrário, desenvolve sua idéia acerca do conteúdo da produção de Moore e a transpõe para a realidade brasileira, costurando problemas relevantes da comunidade daqui e da norte-americana. Ao concluir suas linhas, a aluna ainda traz a tona fato peculiar dos cidadãos verde e amarelos: a memória curta, que transforma qualquer escândalo ou problema grave em episódio passageiro. Do problema do atendimento médico, a memória sem tanta eficiência também se ocupa, caso contrário as mortes por falta de acompanhamento adequado que ainda são denunciadas não passariam pela população como fumaça. Brasileiros têm memória curta e estadunidenses, talvez, sonhem demais.


Não obstante, Nara não citou algo bastante importante explorado pelo documentário: a transformação do atendimento médico em um sistema comercial puro. O jogo político aí é um instrumento de aumento de lucros; tanto os representantes do povo quanto a parcela que detém indústrias e corporações ligadas aos serviços de saúde formam o eixo que coordena quem vai e por que vai receber algum atendimento médico. E, em verdade, não são apenas os gigantes que controlam a quantidade e qualidade desse tipo de material, a população tabém faz parte da esfera de controle seja compactuando ou tomando as rédeas. No sistema de saúde estadunidense, os planos comportam-se de maneira pouco ética e o governo se abstém desses cuidados porque a população permite. No Brasil, a febre amarela e a CPMF são pontos de interesse máximo porque o cidadão não se preocupa em analisar o quadro governamental e exigir reformas e melhorias, coisas obviamente de maior necessidade.


Cada povo constói sua sociedade e atribui valores àquilo que considera pertinente. Se governantes e empreendedores alocam dinheiro em posição acima da vida, não é problema exclusivamente deles, uma vez que fazem parte de uma comunidade extensa que engloba diversas classes de pessoas e ideais. A escassez de valores morais é a grande responsável por horrores como os denunciados por Sicko e os tantos vistos diariamente nos noiciários e esquinas, e não será sanada enquanto a preocupação das pessoas não se voltar para uma reforma cultural.


Autora: Ana Mendes

Problemas de gênero : feminismo e subversão da identidade uma outra perspectiva


Ao ler o artigo de Larissa Melo Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade, não pude deixar de dar o meu ponto de vista sobre o feminismo.Longe dos estereótipos das mídias e das queimas de sutiãs em praças públicas,longe dos pro aborto e de outros “direitos femininos”.


O feminismo foi caracterizado por imenso machismo por parte das mulheres,em que para serem aceitas no meio social tiveram que parecer e lutar como homens ,a mulher para ser bem sucedida ascendia em sua carreira não pela sua distinção dos homens mas por ser igual à eles.E ao adotar essa política machista,a mulher acabou adotando as praticas dos homens e com isso denotava que achava o homem melhor e por isso deveria parecer-se com ele.


Mas a mulher não precisa adotar uma postura machista,não precisa parecer-se com um homem para ter seu espaço na sociedade.A mulher tem suas particularidades,assim como os homens e isso não é determinado pelo hormônio que é injetado no corpo,como no caso de Alex,mas própria unidade corpórea,e mental.


A mulher por muito tempo era somente vista pela sua função biológica de gestação,mas depois dos movimentos feministas,percebe-se em nossa sociedade uma mudança de postura em relação à mulher em que ela com sua femilidade pode se inserir na sociedade sem precisar ser um homem de saia.


Autora: Dandara Baçã

Carro: Um luxo ou um lixo industrial? - Baseado no artigo do colega Renato Ávila

Uns o consideram status, outros um meio necessário e eficiente no mundo atual, mas muitos esquecem dos transtornos causados em virtude desse objeto tão desejado.


Um dos problemas apontados em relação ao uso do carro é o de que ele interfere na relação de socialização entre as pessoas, tornando o individuo cada vez mais introspectivo na solidão de seu automóvel.


Mas com certeza essa evasão social, não é a maior preocupação em virtude do uso do carro. Hoje eles são a maior causa de poluição atmosférica e consequentemente contribuem para o aquecimento global, movimenta grande parte da indústria do petróleo, petróleo esse que alimenta tantas guerras e destrói vários povos.


Esses são alguns dentre os problemas enfrentados devido ao uso do carro, acidentes, dependência física e mental do individuo e mais uma vez acentua a diferença entre classes.


Com todos esses problemas, andar somente de bicicleta como sugere Ned Ludd em Apocalipse motorizado, não seria a solução. Pois ele já esta inserido de tal forma na vida das pessoas que sua abolição seria praticamente impossível. Temos que conviver com a invenção sem deixar que ela própria nos leve a destruição.


Sem ser piegas ou usar de demagogia, uma solução bastante efetiva seria uma política de informação e conscientização da população usuária do automóvel, mas também dos proprietários das indústrias automobilísticas que fomentam esse mercado e articulam esse espetáculo, nem sempre digno de aplausos.


Autora: Graciene Lilian Lima Silva Estudante do 3° Semestre de Biblioteconomia.

Comentário ao artigo: sociedade do automóvel e suas repercussões escrito por Natália Resende de Andrade.

Com a leitura do artigo citado, observa-se que a autora escreve os pontos trabalhados no documentário, possuindo caráter descritivo, assim tentarei apresentar uma leitura utilizando a visão que o geógrafo deve possuir da realidade.


O objeto de estudo desse ramo do saber é a análise do espaço, este é denominado conforme a seguinte citação: “o espaço se define como um conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e do presente e por uma estrutura representada por relações sociais que estão acontecendo diante dos nossos olhos e que se manifestam através de processos e funções. O espaço é, então, um verdadeiro campo de forças cuja aceleração é desigual” (SANTOS,1986 p.122), ou seja, o espaço é vida, são os aspectos naturais modelados conforme a prática humana. Com isto se fará uma análise de uma pequena porção deste espaço, o conhecido espaço urbano.


O documentário base do artigo está centrado em apenas demonstrar os problemas decorrentes do sistema rodoviário do espaço urbano, o que foi apresentado por Natália Andrade. Mas tomando todos os problemas sócio-econômicos pode-se usar a expressão “Cidade Caótica” (SANTOS, 2005 p. 105), espaço centrado em promover beneficios de forma distinta para diferentes níveis econômicos.


Muitas vezes tais benefícios privilegiam apenas os detentores de veículos, promovendo assim o que Santos chama de “aceleração desigual”. Com isto observa-se que na sociedade capitalista atual a seletividade de locais ocorre da posse ou não do capital automotivo para se deslocar pelas vias já saturadas. Os aspectos simbólicos da posse do automóvel citados pela a autora do artigo A sociedade do automóvel e suas repercussões, demonstra a importância da propaganda para legitimar tal posse. E que atualmente estas propagandas utilizam a preservação ambiental como uma jogada de marketing, tentando promover uma suavização da culpa que cada indivíduo tem por contribuir no “aquecimento global”, ou seja, se apresentam como empresas ambientalmente corretas e carros que causam pouco impacto ambiental.


A dimensão deste problema urbano, acúmulo de carros nas vias, ocorre devido à idéia de mundo da fluidez e da rapidez em que as distâncias devem ser vencidas ao menor tempo possível, assim cada um em sua gaiola motorizada. O que não pode deixar de ser citado que o acúmulo destas gaiolas ocorre devido às falhas existentes no transporte coletivo, tais falhas que muitas vezes são propositais para beneficiar os atores hegemônicos do transporte coletivo. Estes atores determinam o horário dos que estão vulneráveis a este sistema, sendo assim uma relação de poder, pois “o poder se manifesta por ocasião da relação” (Lacerda Junior, 2004, p.25).


Em relação aos signos existentes na utilização dos automóveis comentado por Natália Andrade, pode-se acrescentar o seguinte trecho: “com o veículo individual, o homem se imagina mais plenamente realizado, assim respondendo às demandas de status e do narcisismo, característico da era pós-moderna. O automóvel é um elemento do guarda-roupa, uma quase-vestimenta. Usado na rua, parece prolongar o corpo do homem como uma prótese a mais, do mesmo modo que os outros utensílios, dentro de casa, estão ao alcance da mão” (SANTOS, 1996, p.54).


Após toda a análise de uma das diversas problemáticas do espaço urbano, tem-se que essa é fruto de uma economia e de uma política que propõem cada vez mais a produção, neste caso em particular, a dos automóveis. E que devido aos signos existentes nesta mercadoria, sua venda cada vez mais atinge novos recordes. Estes são alguns aspectos dentre os vários que o geógrafo observa ao ler um artigo centrado nesta problemática.

Referencias bibliográficas:
LACERDA JÚNIOR,B. Algumas reflexões sobre as relações de poder e o uso do território no município de Rio Verde-GO. In. Revista RV Economia: Análise e perspectivas socioeconômicas,nov. 2004, p.25.
SANTOS, M. O espaço: sistema de objetos e sistema de ações. In a natureza do espaço, técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996, p.54.
SANTOS,M. Por uma geografia nova. São Paulo: Hucitec, 1986, p.122.
SANTOS, M. A urbanização brasileira. São Paulo: Edusp, 2005, p. 105.



Autor: Marcelo Andrade Dias, estudante de geografia.