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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade


O filme XXY trata de uma adolescente que possui um distúrbio nos cromossomos sexuais, chamado síndrome de Klinefelter, conhecido vulgarmente como hermafrodita. Alex juntamente com seus pais mudam-se da Argentina para o Uruguai em busca de paz para resolverem seus problemas. Podemos relacionar essas questões que rondam a cabeça de Alex com o trabalho de Judith Butler que tem como finalidade expandir e realçar um campo de possibilidades para a vida corpórea.


Judith Butler vai de encontro com a concepção de gênero no século XIX (FOUCAULT, 1993), a natureza biológica do corpo é o elemento que define tudo. O conceito de sexualidade está comprometido desde o seu surgimento do essencialismo (FOUCAULT, 1993; COSTA, 1992), com uma forma machista de ver o mundo. A pós-estruturalista, Butler, afirmará que a dicotomia heterossexual “é tão falsa e vazia de essência quanto a homossexual, pois não deixa de ser imitação de um ideal de masculinidade ou feminilidade, muitas vezes inatingível, que não possui correspondência alguma com uma suposta essência ou natureza, algo que estaria inscrito na nossa mente e no nosso corpo.”


Alex sofre com esse essencialismo por ter os dois sexos e uma “opção de escolha” em relação ao gênero que pode ser ou não oposta ao desejo. O sofrimento se dá devido as categorias de gênero estabelecidas em uma relação binária homem-mulher. Segundo Simone Perelson, doutora em psicopatologia fundamental e psicanálise pela Université Paris, a crítica do binarismo dos gêneros leva Butler à crítica da distinção sexo-gênero, ao conceito de um sexo natural ou pré-discursivo, por um lado, e um gênero culturalmente construído, por outro. É importante destacar, que a oposição do sexo natural ao gênero cultural faz com que a natureza feminina seja subordinada pela cultura masculina. A crítica de Butler à idéia de um sexo natural tem seu fundamento na crítica de Foucault que trata a cultura como efeito de uma lei repressiva, de um lado, uma sexualidade subversiva, livre da lei, do discurso e do poder e, de outro lado, a lei repressora.


Após a análise crítica de algumas formulações teóricas nas quais uma estratégia de subversão do gênero estaria em ação, Judith Butler esclarece que a estratégia política capaz de subverter as noções naturalizadas do gênero e a ilusão da identidade fundadora consiste em: 1) São as práticas que ao produzirem uma discordância subversiva entre sexo, gênero e desejo, questionam suas relações e permite desconstruir a aparência substantiva do gênero e da identidade. 2) o meio para esta desconstrução se encontra nas deformações, nas “performances dissonantes e desnaturalizadas que revelam que o original nada mais é do que uma paródia da idéia do original e do natural”.3) Os atos políticos são atos que subvertem a partir dos termos da lei, revelando uma outra versão da cultura, versão que surge quando a cultura se vira contra si mesma e gera mudanças inesperadas.


Essas mudanças podem ser alcançadas através de movimentos que tem como identidade não a sua natureza, mas sim a sua interpretação. Butler em seu livro esclarece como são naturalizadas as noções construídas culturalmente. O filme retratou bem a situação provocada no texto “Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade”, Alex em nenhum momento sofreu alguma coerção direta do Estado, no entanto era pressionada constantemente na busca de um sexo para que desse a ela um gênero “compatível” seguindo a estrutura binária do sexualismo. O texto é bastante teórico em um nível imaginário filosófico como ela mesmo afirma, mas com certeza tem o escopo de torná-lo real.


Autora: Larissa Melo - Biblioteconomia 7º Semestre

5 comentários:

Anônimo disse...

Em primeiro lugar, ser intersexo não significa ter um distúrbio, segundo, a autora do filme apenas brincou com a ídéia de XXY, nada a ver com essa sindrome de klinelfeler.

Larissa Melo disse...

Desculpe a minha falta de conhecimento. Obrigada pela correção. Sua crítica foi de grande valia para o meu aprimoramento.
Larissa Melo

Larissa Melo disse...

Desculpe a minha falta de conhecimento. Obrigada pela a crítica que foi de grande valia para a correção do meu artigo.

Anônimo disse...

Larissa,
quero deixar claro algumas coisas.
Sou portador da síndrome de klinefelter, tenho 26 anos, tenho uma vida normal, sadia, e não sou hermafrodita. O klinefelter nada tem a ver com hermafroditismo e já que não tem conhecimento sobre o assunto, porque não pesquisar a respeito? se preferir deixo aqui o meu e-mail e assim posso lhe tirar todas as suas dúvidas sobre a sindrome.Assim evitando escrever achismos e mentiras sobre tal assunto muito delicado.
meu e-mail para contato:
gneptune@gmail.com
obriago desde já,
Guilherme.

Anônimo disse...

O artigo é muito interessante e bem construido, só peca pelo erro de apontar um distúrbio que nada tem há ver com o assunto intersexo. Fora isto, o debate sobre intersexualidade é interessante e bem pautado neste texto. Sugiro retirar a referencia ao distúrbio.