Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Tchecoslováquia caiu na esfera de influência soviética. Em 1968, uma invasão das tropas do Pacto de Varsóvia pôs fim aos esforços dos líderes do país para criar um socialismo de rosto humano, movimento que ficou conhecido como a Primavera de Praga. No dia 1º de Janeiro de 1993, o país se separou pacificamente em dois: República Tcheca e Eslováquia. Desse modo em 1999 a República Tcheca entrou na OTAN e em 2004 aderiu à União Européia.
A história contemporânea da população tcheca é marcada por grandes transformações, seja no caráter comportamental de cada indivíduo, a forma como uma geração intera alterou a maneira de encarar o mundo; seja na concepção de sociedade, estado, economia e politica. Há poucos anos, a realidade da República Tcheca era de um país que enfrentava filas e limitações para conseguir o alimento básico, racionamento de energia, água e ausência de uma rede de esgoto.
O capitalismo ainda é uma novidade para eles, a estreita relação do tcheco com o consumismo transforma uma ida ao supermercado num grande evento de lazer e descontração de fim de semana. Por causa disso as grandes redes de supermercados incorporaram esse hábito, incluiram no mesmo espaço praça de alimentação, lojas de conveniências, playground, enfim tudo que possa atender ao público e faça com que gaste ao máximo. No entanto, essa obsessiva e alienada relação de consumo, onde as pessoas compram um produto sem sequer precisar, não é exclusividade de um capitalismo recente; mesmo em sociedades já consolidadas observa-se a reprodução dessa triste constatação.
Diante desse cenário Vít Klusák e Filip Remuda fazem um documentário, criam um hipermercado fictício, que se chamará “Sonho Tcheco”, e tentam atrair o máximo possível de clientes para a inauguração. Esses dois jovens prepararam uma maçica campanha de marketing: anúncios nas ruas, letreiros, revistas, rádio e televisão. Ao mesmo tempo em que construíram a imensa fachada do complexo num campo aberto e distante.
A publicidade para a divulgação do Sonho Tcheco utilzou da contra-psicologia para atrair mais clientes, bordões irônicos como: “não compre”, “não venha”, “não gaste seu dinheiro” surpreenderam a população que é constantemente bombardeada por anúncios convencionais. Além das imperdíveis ofertas que todos os estabelecimentos fazem no momento de inauguração.
A força e a rapidez da propaganda do “Sonho Tcheco” enganou e atordoou 2 mil pessoas que saíram de casa atrás das ofertas do hipermercado. O momento do encontro dos clientes com o nada é chocante, há irritação, constrangimento e algumas profundas conclusões sobre a forma de consumo, o poder de manipulação e os rumos que cada um dá a sua vida.
Autor: Jorge Máximo – Letras-Português 2º semestre
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