A Revolução Industrial consistiu um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social, alterando completamente a maneira de viver das populações dos países que se industrializaram. A necessidade de circulação, associada aos desejos de realização das atividades sociais, políticas e econômicas tornou o automóvel um utensílio quase que indispensável na sociedade (RAIA Jr., A. A, 2004).
O automóvel está em destaque entre os bens mais cobiçados e ocupa, para muitos, o primeiro lugar nessa lista, pois expressa status, prestígio, poder, realização e liberdade. A consciência humana dobra-se, a cada minuto, às exigências de uma racionalidade econômica difundindo pelo mundo seu produto nocivo e majestoso, o automóvel (Robert Kurz, 1997). Temos aqui a concepção do automóvel como símbolo das possibilidades infinitas do homem.
Inicialmente o carro surgiu como um meio evoluído de transporte, um transporte pessoal, que daria maior mobilidade e liberdade no ir e vir. Mas, em pouco tempo, o automóvel tornou-se um objeto de desejo, o sonho de consumo de todos. A empresa automobilística que desejasse prevalecer deveria utilizar estratégias diferenciadas para estabelecer o seu produto no mercado. Foi através dessa necessidade que surgiu uma nova forma de vender. O produto deixava de ser um objeto que supria suas necessidades básicas e passava a ser um objeto que transmitiria os valores já mencionados. Através do interesse das indústrias pelo lucro, a necessidade de consumo confundiu-se com o desejo de consumo.
Existe uma relação que pode ser ativa ou passiva no trânsito. O papel ativo é caracterizado por um movimento e, por conseguinte, pela necessidade de consumir o espaço de circulação. De outro lado, o papel passivo é estacionário, ou seja, ele não consome espaço de circulação, porém é afetado pelo indivíduo que consome (RAIA Jr., A. A, 2004).
Com a globalização, a rápida propagação da informação e da tecnologia, a velocidade no deslocamento das pessoas tornou-se uma necessidade. O mundo ficou mais corrido e mais veloz. O automóvel passou a ser cada vez mais valorizado. A construção de vias para melhor atender esse público passou a ser prioridade em detrimento aos investimentos em transporte público. Tornando os motoristas mais importantes que os pedestres.
No Brasil, a partir da década de 60, por causa do crescimento da indústria, a abertura do país para a instalação de grandes montadoras e a disputa para a conquista do mercado, o carro tornou-se mais acessível à população, causando o aumento da frota de automóveis nas ruas, principalmente nas grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. Com isso políticas públicas tiveram que ser adotadas, como, por exemplo, no lugar da praça, o shopping center; no lugar da calçada, a avenida; no lugar do parque, o estacionamento e, como conseqüência, em vez de vozes, motores e buzinas.
O inchaço nas grandes cidades foi avançando no passar das décadas. A conseqüência desse aumento na quantidade de carros nas ruas foi se agravando. Muitos dos problemas do mundo contemporâneo provêm da sua utilização massiva: a emissão de gases que modificam o efeito estufa, promovendo um maior aquecimento e alterações climáticas, o aumento do ruído nas cidades ou a desaparição dos espaços urbanos dedicados ao ócio e ao lazer. Outros dos efeitos negativos do automóvel são resultados dos custos com a sua aquisição e com a manutenção, bem como os acidentes que causam, principalmente quando associados à imprudência e a bebidas alcoólicas (Manuel, 2007).
As idéias, acima mencionadas, apresentam o carro com uma função distorcida daquela para qual foi criado, tendo diferentes significados ao longo do tempo. Assim, a relação do homem com a máquina é mais passional do que uma relação com um meio de transporte. Como, por exemplo, sendo o automóvel utilizado como se fosse uma casa, o condutor tenderá a reproduzir as suas ações em público com valores particulares, considerados pessoais, próprios do seu ambiente restrito.
Bibliografia:
RAIA Jr., A.A. Engenharia e Segurança de Tráfego. 2004.
KURZ, R..O oco do fetichismo. 1997.
ORTEGA, M. M. Depois do acidente de viação, quanto custa a oficina?. 2007.
Autor: Felipe Carvalho Silveira, Estudante do 10° Semestre de Agronomia
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