“ Queremos mudar a relação entre capital e trabalho. Queremos que os trabalhadores sejam donos dos meios de produção e dos frutos de seu trabalho! E isso só se consegue com a política.”
Lula, 1981
“O PT enquanto partido não pode abrir mão do seu discurso. Mas tem que ter a sensibilidade para entender o que pode fazer e o que não pode. O PT hoje não criaria nenhum problema com o governo.”
Lula, 2002
A conquista da presidência acabou definitivamente com a imagem de “partido contra a ordem” que foi criada em torno do Partido dos Trabalhadores. Este fato completou a transição do PT, que abriu mão gradativamente de seu discurso ideológico anti-capitalista para se tornar um partido pragmático, focado nas alianças políticas.
O PT nasceu no final dos anos 70, fundado por sindicalistas e católicos de esquerda de Santo André, São Bernardo e São Caetano, o ABC industrial de São Paulo. Foi a primeira experiência de um partido criado pelos próprios trabalhadores, uma verdadeira revolução na esquerda brasileira, cuja identidade era baseada no sentimento de injustiça e exploração que os unia. Ganhando cada vez mais adeptos e força conseqüentemente, e apoiando-se na figura de um líder carismático, o partido partiu para a disputa das eleições, supondo, no princípio, que conquistar o Estado seria a resposta para a mudança radical, ao colocar em pauta na agenda política brasileira a necessidade de profundas transformações políticas, econômicas, sociais e culturais.
Mas a escolha de substituir o Estado pelas vias legitimizadas propõe a adaptação da ideologia do partido, uma tendência inevitável, já descrita por Robert Michels [1] em 1915. Com as derrotas eleitorais, o partido viu na moderação os caminhos para chegar ao poder e o sentimento do “petismo” já não era mais compatível com a ambição de vencer a eleição.
O novo perfil que o PT procurou implementar expressa essa metamorfose e a conseqüente adequação à ordem. Sujeito à agenda eleitoral, o partido passou a atuar cada vez mais na esfera da institucionalidade, contrariando sua luta contra a pragmática neoliberal. A necessidade de mobilizar o máximo de eleitores, atingindo também aqueles de centro e até mesmo de direita, não trouxe outra saída a não ser amenizar o discurso de revolução socialista, de reforma agrária radical, uma ameaça ao direito à propriedade privada, e buscar alianças que permitiriam ganhar as eleições.
O novo perfil que o PT procurou implementar expressa essa metamorfose e a conseqüente adequação à ordem. Sujeito à agenda eleitoral, o partido passou a atuar cada vez mais na esfera da institucionalidade, contrariando sua luta contra a pragmática neoliberal. A necessidade de mobilizar o máximo de eleitores, atingindo também aqueles de centro e até mesmo de direita, não trouxe outra saída a não ser amenizar o discurso de revolução socialista, de reforma agrária radical, uma ameaça ao direito à propriedade privada, e buscar alianças que permitiriam ganhar as eleições.
Ao final do processo, o sentimento que acompanhou o partido passou a ser apenas um recurso midiático, não mais sua verdadeira ideologia, levando o eleitor brasileiro com grandes expectativas de justiça social e redistribuição de renda à frustração e à desilusão, ao constatar que o PT no poder é o contrário do PT na oposição.
[1] MICHELS, Robert. Sociologia dos partidos políticos.
Autora: Aline T – 2° semestre de Tradução - Francês
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