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quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Entreatos

Em 2002 pela primeira vez na história das eleições presidências brasileiras vence um candidato de partido de esquerda. Depois de passar por derrotadas eleitorais, Luís Inácio Lula da Silva (Lula) e o Partido dos Trabalhadores (PT), auxiliados pelo publicitário Duda Mendonça, tira a imagem de incompetência para gerir o Estado e de despreparo para assumir tal cargo.
Considerando o cenário político que o Brasil estava, um presidente reeleito que pouco fez de políticas sociais, a violência urbana, desemprego, as privatizações. O PT abandona o discurso crítico, ameaçador e revolucionário, para um que fale de melhorias sociais, e busca parcerias com grandes empresários e empresas, começando pelo vice-presidente escolhido. Lula é orientado a porta-se de maneira passe a imagem de um líder político centrado, que não busca somente reformas sociais, mas que preocupa com o mercado também e o seu crescimento. Com essa mudança de eixo de campanha, Lula, consegue a confiança da população pobre, que esperava melhorias sociais, dos empresários, e de partidos políticos.

Não é difícil perceber que todo jogo de marketing traçado por Duda Mendonça, a pequena imparcialidade da mídia durante as eleições, diferentemente do que aconteceu em 1989, 1994 e 1998, onde Lula era divulgado como uma ameaça pro desenvolvimento do país, levou a ganhar as eleições de 2002 e a sua reeleição em 2004.
Não basta apenas ser um líder revolucionário, adotar posturas enérgicas e radicais, num país como o Brasil onde as desigualdades são enormes, o político deve agradar os dois lados da moeda, por um lado o povo carente, por outro a elite que movimenta o mercado e a economia.
Para ganhar as eleições o PT mudou, Lula mudou. Passou a ser visto como o Lula paz e amor, oi Lula que não tem ideologias políticas, mas procura as melhorias sociais e econômicas. O grande vencedor das campanhas não foi o candidato Lula, mas toda a estratégia de propaganda e marketing, o jogo de alianças, as coligações formadas.

Numa democracia, onde o Estado é senão um sindicato formado para defender os interesses do poder existente (MICHELS, Robert,2008). Depois de três derrotas o PT assume que não é um discurso marxista que ganhará eleições, não basta ser fanático por uma distribuição igualitária de renda, mas para está no poder, tem que defender também o interesse do poder já existente. Não é com um diploma que se ganha eleições, mas com a simpatia, a imagem e a capacidade de persuasão.

Referencial teórico: MICHELS, Robert. / Sociologia dos Partidos Políticos / Editora XXX, São Paulo, 2008.

Autora: Paula de Lima Bernardes

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