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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Vocação do Poder – Uma outra visão

O comentário em questão visa englobar complementos e também algumas críticas ao artigo escrito por Sebastião Gomes, estudante de História que cursa o segundo semestre.
O poder, apesar de ser uma forma de legitimidade do voto, não pode ser considerado uma coisa ou mesmo sua posse, mas sim uma relação entre pessoas. Infere-se deste conceito a noção de poder social, em que há um propósito unindo os participantes daquela, podendo o poder ser entendido com uma relação triádica.
O autor trata das estratégias utilizadas pelos candidatos vistos no filme, enfatizando a influência do apadrinhamento político e do papel da ideologia religiosa nas eleições. A abordagem realizada nestes âmbitos foi bem explorada, deixando um pouco a desejar quanto aos outros participantes do filme. Estes atores políticos não tão citados também são de importante análise, já que a derrota deve ser vista como uma forma de estudo dos fatores que não estão se enquadrando no cenário necessário à eleição.
Relembrando Max Weber, na política a relação de mandar e obedecer não é resumida simplesmente em fundamentos materiais ou mesmo no ato de obediência daqueles que se encontram submetidos, mas principalmente em específico fundamento de legitimidade. Fica então o questionamento sobre a ligação entre a candidata Márcia Teixeira e a dominação carismática citada por Weber, tendo em relevância que o sentido trabalhado de carisma para este é desprovido de juízo de valor. Não é viável, segundo o sociólogo, analisar se tal indivíduo tem pouco ou muito carisma, mas sim se o reconhecimento foi encontrado. Para isso, torna-se necessário que, no caso, a candidata Márcia se faça acreditar, podendo ter seu domínio posto sob dúvida. E é o que se espera, visto que ela foi vitoriosa e alcançou tal reconhecimento.
O famoso apadrinhamento político mencionado por Sebastião já foi motivo para muitas discussões e indagações no cenário nacional. Segundo ele, isto ajudou o candidato Carlo Caiado na sua eleição, já que além da família atuante no cenário político, havia também o apoio de importantes personalidades influentes.
Robert Michels cita em seu livro Sociologia dos Partidos Políticos a teoria da circulação das elites, formulada por Vilfredo Pareto, na qual afirma que a sucessão de cargos na vida eleitoral dá-se por “uma mistura incessante, com os antigos elementos atraindo, absorvendo e assimilando continuamente os novos [1]”.
O anseio daqueles que se encontram no poder por novos integrantes é, portanto, uma forma de preservar o próprio poder, visando sempre a perpetuação, seja direta ou indiretamente, por meio de apoio a outrem. O propósito citado no início se mantêm, propagando a necessidade, como diz Michels na mesma obra já colocada, de um grupo social dominante, uma classe de minoria que preza pelo apadrinhamento político.
[1] MICHELS, Robert. Sociologia dos Partidos Políticos.


Autora: Natália Resende Andrade – Engenharia Civil, 7º semestre.

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