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quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Pierre Bourdieu - Meditações Pascalinas


“Não há democracia efetiva sem verdadeiro contra-poder crítico. O intelectual é um desses contra-poderes, e de primeira grandeza”


Breve biografia:

  • Nasceu na região de Béan, França, em 1930;

  • Morreu na noite do dia 23 de Janeiro, num hospital de Paris, em conseqüência de um cancro, aos 71 anos de idade;

  • Catedrático de sociologia no Colége de France;

  • Foi diretor da revista Actes de la Recherche em Sciences sociales, diretor da École des Hautes Études em Sciences Sociales;

  • A educação, a cultura, a literatura e a arte foram os seus primeiros objetos de estudo;

  • Estudou por fim os meios de comunicação e a política.

Começou a produzir, de maneira relevante em a partir de 1964 e é considerado um dos sociólogos mais influentes de sua época. Desenvolveu, ao longo de sua vida, mais de trezentos trabalhos abordando a questão da dominação, e é, sem dúvida, um dos autores mais lidos, em todo mundo, nos campos da Antropologia e Sociologia. Escreveu não só sobre a sociedade européia, as também sobre a Argélia e a sociedade cabila. Sua discussão sociológica centralizou-se, ao longo de sua obra, na tarefa de desvendar os mecanismos da reprodução social que legitimam as diversas formas de dominação. Criou diversos conceitos e um vocabulário todo próprio para explicitar seus pensamentos.Um dos principais alvos de crítica de Bourdieu, nos seus últimos anos de vida, foram os meios de comunicação, que estariam, segundo ele, cada vez mais submetidos a uma lógica comercial inimiga da palavra, da verdade e dos significados reais da vida.

Obras principais:

  • Liber 1
  • A miséria do mundo
  • O poder simbólico
  • As regras da arte
  • Ofício de Sociólogo
  • A dominação masculina
    Contrafogos
  • Meditações Pascalianas
  • Contra fogos 2
  • Produção da Crença
  • Os usos sociais da ciência
  • Coisas ditas
  • A economia das trocas simbólicas
  • Esboço de auto-análise
  • Sobre a televisão
  • O amor pela arte
  • Um convite a sociologia reflexiva

A obra analisada em sala foi Meditações Pascalianas na qual Bourdieu revisa a própria obra e critica o pensamento escolástico devido a sua construção dentro dos muros da universidade e propõe que os filósofos pensem o mundo dentro da ordem social, participativamente, e não como observadores onipotentes. Onde procurou mostrar que as relações de força entre os agentes sociais apresenta-se sempre na forma transfigurada de relações de sentido. A violência simbólica, outro tema central da sua obra, não era considerada por ele como um puro e simples instrumento ao serviço da classe dominante, mas como algo que se exerce também através do jogo entre os agentes sociais.

Um importante conceito apresentado Illusion, que é estar no jogo, estar envolvido no jogo, levar o jogo a sério; dar importância a um jogo social, perceber que o que se passa é importante para os envolvidos, para os que estão nele;

Um dos temas a Libido e Illusion, é de singular importância pois nele o autor se esforça em afirmar que são transações insensíveis, de compromisso semiconscientes e operações psicológicas (projeção, identificação, transferência e sublimação, que é a “dessexualização da pulsão instaurada em uma intersecção não-vazia entre o mundo privado e o público, este último continuamente invadindo e constituindo o primeiro” (Oliveira 2005).Diz, ainda, que nunca é possível determinar ,a rigor, quem faz a escolha se o agente ou a instituição; nunca se sabe quando o bom aluno escolhe a escola, ou se essa última o escolhe, pois tudo em sua conduta dócil evidencia o quanto ele a escolhe. E pede para que os intelectuais invistam no espaço doméstico: onde a Sociologia e a Psicologia devem se unir para analisar a gênese do investimento num campo de relações sociais. Tal ponto da apresentação foi recebido com ressalvas, uma vez que é difícil aceitar uma opinião tão radical.

A Coerção do Corpo é exercida na obscuridade das disposições do habitus (sistema deposições duráveis, estruturas predispostas a funcionarem como estruturas estruturantes, são reguladas e regulares). Nesse ponto da apresentação houve um importante apontamento sobre a escolha da sexualidade, da imposição social de se ter filhos, e de qual carreira seguir. A Lei tenta dissimular a impossibilidade de facultar ao povo o acesso à verdade libertadora sobre a ordem social, na realidade não passa de uma forma legitimação. Os dominados contribuem aceitando tacitamente os limites impostos, tal reconhecimento assume a forma de emoção corporal, o constrangimento é demonstrado pela vergonha de não corresponder as expectativas sociais. Tratando inclusive da veneração às pessoas, às obras, às leis, aos grandes.

O autor fala em dois casos de forma muito direta: os esforços dos pais para preparar a criança negra para o destino do qual não podem protegê-la acabam por determiná-la secretamente para esperar seu castigo misterioso e inexorável; e a dominação masculina, que é espontânea e extorquida, desde que se leve em conta os efeitos duráveis exercido pela ordem social sobre as mulheres, fazendo com que a afirmação das mulheres se dê pela masculinização delas, pois ao invés das mulheres valorizarem aquilo que fazem, partem na empreitada de fazerem aquilo que é tipicamente masculino e, assim, conseguirem sua afirmação social.

Ao tratar de Poder Simbólico, Bourdieu afirma que a dominação possui sempre uma dimensão simbólica. E realmente é possível perceber isso, ao olharmos as bandeiras de alguns países que trazem armas, numa demonstração clara de que uma arma é imbuída de um valor simbólico muito maior do que os seus efeitos bélicos. E entre exemplos e debates em sala se estacaram o estereotipo de pessoas ditas bem sucedidas e seus bem, como forma de externizar o poder.

Explicou que é natural que um atue sobre o outro e vice-versa, que a comunicação e compreensão mútuas possam se estabelecer entre eles através de signos e símbolos no âmbito de uma organização e de instituições que não são obras de nenhum dos dois. Que do ponto de vista dos que dominam o estado, e por meio dele, fazem de seu ponto de vista o ponto de vista universal, ao cabo de lutas contra visões concorrentes. O Estado orquestra os habitus a torná-los senso comum: calendário social, feriados, férias escolares, divisão do mundo universitário em disciplinas - limitando e mutilando as práticas e representações;

Apesar da densidade do texto e da inexperiência do grupo, a participação do restante da turma rendeu boas discussões a respeito da apresentação, chegando a conclusão de que não adianta querer atacar a dominação através das armas ou de qualquer outra forma radical mas, sim, com a transformação de cada indivíduo da percepção que é feita do mundo. De tal sorte que a evolução dessa recriação de informações nos leve a um nível mais justo de habitus.

A maior baixeza é a busca da glória.



Autores: Alexandre Melo e Vagner Maciel

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