O filme apresentado propõe várias reflexões. Creio que a mensagem que mais chamou minha atenção é antiga, ou seja, desde o primeiro esboço de organização em sociedade, que foi delineado pelo homem ainda primitivo, o poder é algo que atrai. Atrai e mascara. Observando a tensão e a reação frustrada dos candidatos não-eleitos, pude confirmar que o poder político que lhes seria instituído traria uma infinidade de benefícios particulares em detrimento às promessas e mudanças que o povo verdadeiramente esperava deles. Se o sistema fosse outro, um candidato derrotado pensaria que seu opositor, provavelmente, estaria em melhores condições de governar do que ele próprio, pois o único aspecto que seria levado em conta nas urnas seria a capacidade que cada um tem de governar. Interesses particulares ficariam fora da disputa. Porém, essa é uma visão extremamente idealizada e que não se aplica em aspecto algum de nossa realidade.
No texto de John Holloway, Mudar o mundo sem tomar o poder, esse aspecto de insatisfação com o mundo em que vivemos, a repulsa que sentimos pela fome, violência e desigualdade que nos cercam, é bastante explorado. E não há como negar que tais fatos decorrem da negligência das pessoas que detém o poder, ou até mesmo das falhas que o sistema apresenta. O autor enfoca a necessidade de tomarmos partido nessa luta e nos unirmos à dor dos que sofrem mais a fundo essas mazelas da sociedade.
Porém, seria cômodo atribuirmos toda a culpa a outros e omitirmos nossa parcela em todo esse cenário. Um exemplo bastante claro da falta de vontade do povo em mudar essa situação foi o debate promovido pelo candidato e advogado Felipe Santa Cruz, que contou com pouquíssimas pessoas. Mas seria então falta de vontade ou descrença total da população? Não sei, mas penso que não deveríamos perder as esperanças e ao contrário do que foi exposto no documentário, a Universidade que recebeu o debate deveria estar cheia, pois ao vermos as propostas do candidato e argumentando-as com o mesmo, podemos concluir se tal pessoa merece ou não o nosso voto. Acontece que muitos debates viraram palco de agressões mútuas, quando contam com mais de um candidato e, assim, você passa a avaliar e escolher o candidato que tem a reputação menos negativa, segundo os ataques dos opositores, em detrimento à análise da capacidade de governar que ele possui.
Outro fator determinante em épocas de eleições são os valores que os políticos agregam às suas campanhas, sejam eles familiares, religiosos ou até mesmo o carisma que o candidato transmite aos seus eleitores. Dentre todos os valores, o carisma é o que mais se destaca e é também um dos mais decisivos. Outro fator ainda considerado importante é o partido político ao qual o candidato é filiado. Há pessoas que votam em partidos, e não em candidatos. Esse fator enfraquece o processo, pois o partido pode ter uma ideologia, mas cada pessoa tem um ideal dentro de si, que deve ser considerado e avaliado segundo uma ótica que vise o bem-estar comum. E o que seria bem-estar comum? Para não entrar em méritos de conceitos, colocarei a minha visão: Penso que tudo o que é tido como sensato conduz, invariavelmente, ao bem-estar comum. Trato como “comum” uma medida que atinja a maioria. Uma medida que possa diminuir o antagonismo de classes.
É interessante pensar que nas eleições, o enorme abismo que existe nas condições sociais dos brasileiros, por um momento, parece desaparecer. O político não faz distinção entre o voto do rico e o do pobre e se mistura às massas em busca de aprovação popular. O eleitor, seja de qual classe for, sente-se importante peça no jogo político que delineia a democracia daquele instante.
Finalmente, creio que o processo eleitoral no Brasil ainda tem muito que melhorar. Ainda precisamos de mais clareza e transparência para podermos exercer nosso papel nas urnas. Precisamos acreditar que votar não é inútil e devemos ter esperanças renovadas de quatro em quatro anos. Não queremos ser impelidos a praticar um ato só porque o mesmo é prescrito na Carta Magna, mas queremos ter a certeza de que nossa ida às urnas terá alguma representatividade rumo a uma mudança efetiva nos padrões de nossa sociedade.
Autora: Larissa Timo – Estatística 8° Semestre
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