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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A vocação do poder

O documentário A vocação do poder, dos diretores Eduardo Escorel e José Joffily, mostra uma parte da campanha realizada por seis candidatos ao cargo de vereador da cidade do Rio de Janeiro durante as eleições municipais de 2004. Um retrato das ações de cada candidato durante o processo eleitoral, desde o início da campanha até a apuração dos votos e o resultado das eleições.

Um dos candidatos era Felipe Santa Cruz, um político do Partido dos Trabalhadores. Ao analisar este se percebe a dificuldade de reunir um número interessante de pessoas para uma discussão política. Um debate é importante para a exposição das idéias polítco-partidárias dos candidatos. A população precisa estar ciente das propostas, ideologias e histórico destes, assim tomaria uma decisão mais concisa e inteligente, podendo, pós-eleições, ter de quem cobrar e sabendo o que cobrar. Caso não existisse o debate na política acredito que as pessoas seriam induzidas cada vez mais ao erro, pois os candidatos com melhor poder aquisitivo aumentariam a divulgação da sua candidatura e chamariam mais a atenção da população, até mesmo com a poluição sonora que faz com que o número do candidato não saia da cabeça das pessoas.

Um fato interessante é a mudança da legislação no que diz respeito aos candidatos não poderem mais oferecer benefícios aos eleitores em época de eleição. Concordo com essa medida, pois muitos políticos se aproveitam da fragilidade financeira e/ou emocional do cidadão para oferecer uma suposta ajuda; o individuo que necessita desse apoio acaba concordando com essa situação e se vê eternamente grata a esse candidato e acredita que votando nele, estará recompensando a ajuda. Logo, adotando essa política de “favores”, fica difícil se dizer que a resposta que sai das urnas é consciente, baseada em idéias. Em minha opinião, isso é mais uma forma de compra de voto!

Podemos observar que em alguns casos os candidatos “bem nascidos”, ou seja, de família com posses e com uma situação aquisitiva melhor, ou até mesmo candidatos que vêm de uma família já inserida na política, pode ajudar no resultado das urnas. Uma pessoa melhor instruída, educada, sabe como se portar em certas situações, debates, perguntas da população, etc. Sem contar com o dinheiro investido na campanha como já foi dito acima. Apesar de ser um fator de suma importância na decisão da eleição, não podemos apontá-lo como único responsável, pois, até pelo que vimos no filme, o candidato Antônio Pedro embora pertencesse a uma classe privilegiada financeiramente não ganhou as eleições. Devemos considerar aspectos como região ou raça: há pessoas que não votam em outras por puro preconceito regional ou racial, não votam no candidato por ele ser negro, índio, deficiente, nordestino, etc. Ou seja, grupos excluídos pela sociedade. Outro aspecto é o apadrinhamento político, é evidente que uma pessoa já inserida no meio político tem chances melhores de ser eleito, o apoio de outros políticos que já estão no ramo há mais tempo pode ser decisivo.

O fato de um candidato ter uma vertente ideológica pode ser favorável também. Observo isso ao analisar a candidata Márcia Teixeira, uma pastora que venceu as eleições. Ela tinha vários militantes que acreditavam que ela, por ser uma religiosa reconhecida na sua comunidade, poderia ser uma boa vereadora. Ela possuía certo carisma entre o povo que a cercava, situação, diferente do candidato MC Geléia, que apesar de super carismático e divertido não se baseava em nenhuma proposta concisa. Seu maior projeto dito foi a construção de uma espécie de espaço artístico para comunidade carente, poderia ser até um interesse de alguns bairros, mas não era algo essencial para maioria da população. Outro motivo que pode ter ocasionado sua derrota é que o MC Geléia não passava segurança para seus eleitores parecia que tudo aquilo que falava dava um ar de brincadeira, de “oba-oba”.

O candidato André Luis estava certo de sua vitória, achei arrogante da parte dele comentar sobre o bolão com quantos votos ele seria eleito. Apesar de esse ter vindo de uma família relacionada à política e ter bastante dinheiro, sua derrota pode ser explicada por sua falta de carisma, ou pela sua distância que ele parecia preservar entre as pessoas de baixa renda, talvez, tenha faltado mais contato direto com os eleitores, já que o cargo de vereador tem proximidade maior com a população que os outros cargos políticos.

Geralmente, o que é prometido em época de campanha não é cumprido após eleito. O candidato, principalmente aquele que concorre pela primeira vez, acredita que tem o mundo nas mãos e que após eleito poderá fazer mundos e fundos, mas se esquece que não é ele quem controla a verba destinada a cada ramo do governo, e que essa verba não é suficiente para cumprir tudo aquilo que foi prometido em época de campanha. Há também aqueles que se ofuscam com o poder e “esquecem” que não foram eleitos apenas pra ganhar dinheiro, eles têm um compromisso com toda aquela população que depositou confiança neles.

Mesmo aqueles que não foram eleitos ainda podem ficar como suplentes, candidatos que dependerão da desistência ou exoneração do cargo do titular.

Para concluir, acredito que a melhor estratégia para se ganhar uma eleição é ter dinheiro, um contato político e tentar passar confiança, não digo o carisma porque é muito pessoal, acredito que isso não se conquista, as pessoas já nascem com ele.

Autora: Amanda Tavares de Andrade – Matemática 2º Semestre

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