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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Populismo = Demogogia?

Não concordo com a forma pejorativa com que a Nara utilizou o termo populista para designar o Mc Geléia. A idéia geral é a de que o líder populista procura estabelecer um vínculo emocional (e não racional) com o "povo" para ser eleito e governar. Isto implica num sistema de políticas, ou métodos utilizados para o aliciamento das classes sociais de menor poder aquisitivo além da classe média urbana, entre outros, procurando a simpatia daqueles desarraigados para angariar votos e prestígio - resumindo, legitimidade - para si. A característica básica do populismo é o contato direto entre as massas urbanas e o líder carismático, supostamente sem a intermediação de partidos ou corporações.
O populismo, desde suas origens, foi encarado com desconfiança pelas correntes políticas mais ideológicas da Esquerda e da Direita. A Direita (como representada, por exemplo, pelo anti-varguismo da UDN brasileira) sempre apontou para seus aspectos plebeus, suas práticas vulgares e para as atitudes supostamente "demagógicas" (concessão irresponsável de benefícios sociais e gastos públicos) que a prática populista comportava; a Esquerda, especialmente a comunista, apontava para o caráter reacionário e desmobilizador das benesses populistas, que se contrapunham às lutas organizadas da classe operária e faziam tudo depender da vontade despótica de um caudilho bonapartista. Uma maneira de enxergar a questão é que o populismo, na América Latina principalmente, foi um poderoso mecanismo de integração das massas populares à vida política, mas realizou tal incorporação de forma "subordinada", colocando a figura de um líder carismático e mais ou menos autoritário como tampão entre as massas e o aparelho de Estado, favorecendo o desenvolvimento econômico e social, mas dentro de uma moldura estritamente burguesa.O populismo é uma expressão política que encontra representantes tanto à esquerda quanto à direita do espectro político. Governantes populistas como Vargas e Perón realizaram políticas nacionalistas de substituição de importações, estatização de certas atividades econômicas, imposição de restrições ao capital estrangeiro e concessão de direitos sociais. No entanto, os regimes populistas freqüentemente dedicaram-se à repressão policial dos movimentos de Esquerda, e sempre realizaram sua ação reformista dentro de um quadro puramente capitalista.
O populismo tendeu também a retirar da própria burguesia nativa sua capacidade de ação política autônoma, na medida em que em tais regimes toda ação política é referida à pessoa do líder populista que se coloca idealmente acima de todas as classes. Ideologicamente, o populismo não é necessariamente de "Esquerda", no sentido de que seu alvo não são apenas as massas destituídas; há políticos populistas de Direita - como os políticos paulistas Adhemar de Barros e Paulo Maluf - que têm como alvo de sua ação política a exploração das carências dos extratos mais baixos (ou menos organizados) da população urbana, com a qual estabelecem uma relação empática baseada na defesa de políticas autoritárias de "moral e bons costumes" e/ou "Lei e Ordem". Esse populismo, chamado pelos autores de "gato de sete vidas" ou "herança maldita" - pois foi e por vezes ainda é visto como uma categoria explicativa de um sistema político e social brasileiro - caracteriza-se menos por um conteúdo determinado do que por um "modo" de exercício do poder, através de uma combinação de plebeísmo, autoritarismo e dominação carismática. Basta referir-se ao "povo", exasperar o demagogismo e aflorar o carisma para que a pecha de populismo seja imputada.
É hora, então, de separar o joio do trigo. Os russos, por exemplo, em meados do século 19, viram emergir a tendência populista nos intelectuais que concebiam o campesinato como a força revolucionária capaz de transitar das comunidades rurais para o socialismo. Os russos souberam diferenciar o populismo tanto do czarismo quanto das demais variantes do socialismo revolucionário e do comunismo. Porque então taxar este ou aquele político de populista? Por que eles estão mais próximos do povo e por isso se "contaminam" com a ignorãncia popular? Não quero defender o “populismo”, não quero dizer que seja a melhor política, mas se formos nos ater ao sistema, o populismo poderia ser considerado um mecanismo mais representativo desta forma de governo que nada tem de democrático. E nisso eu e a Nara concordamos.

Autor: Willian Pereira do Nascimento – História, 2º Semestre

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