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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A Sociologia dos partidos políticos em Vocação do Poder e Entreatos

Após a apresentação dos filmes Vocação do Poder, de Eduardo Escorel e José Jiffily e Entreatos, de João Moreira Sales, é possível, com a ajuda da teoria vista nos textos da disciplina, analisar, ainda que superficialmente a dinâmica vivenciada em épocas eleitorais.
O primeiro elemento que merece destaque é o debate político. Nas eleições presidenciais, é algo bastante valorizado, prova disso é o montante financeiro investido nisso. Essa valorização se dá, em grande parte pela agenda de discussão imposta pela mídia. É esta quem define o que tem mais ou menos importância. Neste sentido, um debate entre 6 candidatos a vereador perde força dentro da sociedade, uma vez que é visto como pouco influenciador na vida das pessoas quando comparado com um debate entre dois candidatos à presidência. A impressão que fica é que há uma crença compartilhada de que esses “políticos menores” são apenas para “cumprir tabela” e pouco podem fazer pela sociedade.

Observa-se, ainda neste elemento, uma mudança ao longo dos tempos: o debate deixa de apresentar a velha oposição ideológica para trazer listas de prioridades dos candidatos (o que será trabalhado primeiro e o que será deixado de lado por falta de tempo, dinheiro, interesse ou qualquer outro motivo), que difere entre si de maneira não tão significativa. O debate acaba servindo pra mostrar quem tem melhor equipe para realizar o mesmo trabalho, e não quem fará o melhor trabalho.

A campanha retratada no filme Vocação do Poder mostra mais um elemento que sofreu mudança no processo eleitoral no Brasil. Os benefícios oferecidos pelos candidatos passaram a ser menos explícitos. Destaca-se, por exemplo, o candidato André Luis Filho, que assim como os pais, “ajudava” a população necessitada. Segundo eles, não para ganhar votos, já que essa ajuda acontecia sempre. Em alguns casos, essa compra de votos se dá de maneira direta, mas em outros, pelo menos para a população pouco crítica, nada mais é que uma troca de favores. A população, algumas vezes, chega a ser tomada por um sentimento de reciprocidade e até mesmo de dívida (“afinal, ele me deu uma cadeira de rodas sem pedir nada em troca”).

Em ambos os filmes, pode-se observar diversas estratégias para a conquista dos votos. Conclui-se, a partir dos resultados de Vocação do Poder e Entreatos, que a conquista do poder por meio das eleições é reflexo não apenas de um fator único, mas de uma combinação de elementos, como carisma, apadrinhamento político, valores religiosos, publicidade e uma equipe competente e dedicada por trás do candidato. Todas essas variáveis são mediadas por uma outra de vital importância, a adequação do candidato ao seu público alvo; levando em conta seus interesses, suas insatisfações e opiniões, ou seja, uma combinação de fatores influenciada pelo contexto onde o político está inserido ou pretende se inserir. Arrisca-se a dizer, então, que o bom candidato é aquele que sabe agradar a elite influente e a massa insatisfeita.

Enquanto o resultado das eleições corrobora a Teoria da Circulação das Elites de Robert Michels, onde novos elementos são agregados à elite dominante de modo a garantir seus interesses, os acontecimentos pós-eleição podem ser interpretados à luz da Lei de Ferro da Oligarquia, aonde o grupo vencedor irá compor a oligarquia governante, com interesses distintos dos de sua base. Como Rubião, personagem do romance Quincas Borba, de Machado de Assis, sabiamente afirma “ao vencedor as batatas”.

Autor: Raphael Andrade - 8ª Semestre de Psicologia

Um comentário:

Anônimo disse...

Só pra tirar uma duvida,a teoria da circulação das elites é proposta nos estudos de Pareto não em Michels. O que Michels vai dizer é que existe em toda formação de partidos uma tendencia quase que natural dentro dele da formação de uma parcela de previlegiados ou seja uma oligarquia. E isso mesmo em partidos de massa que são mais democraticos e abertos, dai um paradoxo da teoria classica do sistema representativo (onde o povo governa através de seus representantes)quando na verdade o que há é que uma vez investidos de poder, assumem para si a maneira das suas intenções de acordo com o interese do(s) grupo(s)oligarquicos; formando o que ele chama de "A Lei de Ferro das Oligarquias."