Hoje temos um impasse no que se refere à inclusão dos deficientes visuais a pirataria. Veremos como essa questão pode influenciar diretamente no contexto da aprendizagem dos deficientes visuais.
Vivemos numa sociedade onde a comparação entre pessoas é amplamente utilizada para estabelecer parâmetros de aceitação, assim são estabelecidos padrões de beleza, peso, tipo de cabelo, cor, entre outros. Essa comparação também é encontrada no nosso meio escolar, onde se tem a tendência de “patologizar” as formas de desenvolvimento que se desviam das formas estabelecidas como padrão, reproduzindo assim a característica homogenizadora e excludente que procuro criticar.
Neste contexto, a pessoa com uma atipia biotípica encontra enormes barreiras para o seu desenvolvimento. Muitas vezes o preconceito parte da própria família, que subjuga a capacidade dos filhos, os excluindo do convívio escolar e social. Por outro lado, acho que esta reação de “proteção” procura evitar a dolorosa socialização, devido à discriminação que a criança sofrerá por ser diferente.
Vigotski (1997) trata a socialização como ponto fundamental para o pleno desenvolvimento do indivíduo, sua teoria, conhecida como histórico-cultural, destaca a linguagem como fundamental para este processo de formação da personalidade.
Com o avanço tecnológico proporcionou-se um aparato que facilita a inclusão, como a utilização de programas que verbalizam textos digitalizados. Este desenvolvimento supera o braile, que é feito através da codificação em relevo do texto com o auxílio de máquinas.
Em decorrência da necessidade dos textos digitalizados, criou-se o impasse com as editoras, que tem se negado a fornecer o material desta maneira devido à facilidade que se tem hoje de manipular o livro digitalizado. Este material poderia tanto ser pirateado (replicado), como alterado no todo ou em partes, é o que alegam as editoras.
Temos aqui a questão dos direitos autorais como vimos no filme Good Copy, Bad Copy, no entanto estamos tratando agora de uma questão de utilidade pública. A pirataria que encontramos no meio musical, tem reflexos na posição das editoras na hora de disponibilizar o material para os deficientes visuais.
Como o processo de codificação do livro para o braile é lento, e gera volume de papel cerca de três vezes maior, a implementação do método digital facilitaria o ensino, já que além agilidade, mais pessoas com esta atipia teriam acesso à cultura. Isso é fundamental, pois temos hoje um quadro de restrição das possibilidades que o futuro tem para estas pessoas, limitando, como diz Vigotski, seu papel na vida social. E isso não corresponde ao ideal social e educacional.
Até que ponto vai o poder das editoras legitimado na super-estrutura? Já que a população de deficientes visuais encontra as conseqüências do seu “defeito” no meio social, não poderíamos falar na socialização destes custos?
Até que ponto vai o poder das editoras legitimado na super-estrutura? Já que a população de deficientes visuais encontra as conseqüências do seu “defeito” no meio social, não poderíamos falar na socialização destes custos?
Precisamos abrir o leque de possibilidades para a vida social, a possibilidade que é aberta à pessoa “normal”, a participação na elite cultural e política, com acesso a profissões dignas.
Bibliografia: VIGOTSKI, L.S. Fundamentos de Defectologia. Madrid, Visosr, 1997, vol. V. pp.11-37.
Autor: Rodrigo Cesar - Licenciatura em Química 7º semestre
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