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quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Relações de Poder Existentes Neste Simples Ato


Três são os elementos que determinam a riqueza das nações: técnicas, ciência e informações. A posse de técnicas avançadas promovidas pelo advento da ciência, tendo assim como resultado um grande acesso às informações, determinam as relações existentes não somente em âmbito local como também no global.

O documentário Good Copy Bad Copy, dos diretores dinamarqueses Andreas Johnsen, Ralf Christensen e Henrik Moltke, demonstra o problema enfrentado por grandes gravadoras que possuem um aparato técnico avançado. Estas sofrem a concorrência de pessoas que movimentam o mercado de cópias ilegais, como também a criação de Remix desconsiderando os direitos autorais.

Este conflito torna-se cada vez mais intenso devido ao maior acesso as novas criações tecnológicas e com a idéia de “globalização” o conhecimento de algumas artes (músicas e filmes) de determinados países produtores (atores hegemônicos) também são contempladas em outros, fazendo com que sejam inúmeras as possibilidades de cópias. Assim o próprio mercado oferece suporte para este conflito, as fábricas de computadores parecem não se importar com tal situação, pois cada vez mais vão evoluindo estas máquinas, o que por sua vez facilita a atividade ilegal.

Com esta reflexão nota-se o choque de interesses entre as produtoras e os fabricantes de tecnologia, em que as decisões dos últimos de colocarem gravadoras de CD’s e DVD’s na maior parte de suas máquinas faz com que os primeiros percam boa parte de seus lucros. Os fabricantes, ao tomarem tal postura, estão exercendo um ato político, pois além de promoverem maiores lucros, também determinam, em âmbito global, um novo conjunto de relações econômicas, que por sua vez promoverão mudanças nas relações sociais e políticas.

Assistindo este documentário é possível chegar à mesma conclusão obtida a partir do texto O Urbano na Rede: Como a Teoria Sociológica Urbana Pode Ler as Cidades do Ciberespaço de Ariel G. Foina, pois se observou que a economia e as relações sociais são modificadas pela entrada das pessoas no ciberespaço. Assim munidos do conhecimento e das técnicas que este espaço promove, pessoas estabelecem novas relações econômicas, como também relações de poder, pois com o uso deste aparato técnico, tem-se a capacidade de mudar a rotina de alguns.

Este fenômeno pode ser visto, quando no documentário é retratado o ritmo tecno-brega, pois os DJ’s com o uso da tecnologia criavam “novas” músicas, de posse destas criações promovem grandes eventos, tomando como referencial a dimensão da cidade. Ocorrendo assim maior crescimento econômico, mudanças dos aspectos culturais existentes ali, como também as relações sociais tornam se mais complexas.

E como foi discutido em sala de aula, o poder não necessariamente se dá pela coerção, mas pela capacidade de influenciar as relações presentes em uma sociedade. Partindo deste raciocínio, pode-se considerar que as pessoas que estão envolvidas neste processo de “criação” no estado do Pará são atores políticos das localidades aonde exercem as influências citadas.

Nas relações demonstradas aqui, fabricantes-produtoras e produtoras-ilegais, observou-se que, por estarmos em uma “sociedade em redes” (Castells, 1999), as decisões de poucos atores hegemônicos determinam a vida de pessoas que a priori estavam à margem do processo de produção. Demonstrando que o embate ideológico, ou o simples não acordo entre estes atores faz surgi novas relações econômicas. Com isto observamos o que ocorre atualmente, maior lucro por parte dos fabricantes e redução da tirania exercida pelas empresas que controlam as artes.

Sendo assim, mais uma vez comprova-se a existência da dialética espacial atual, compreendendo também, a partir de exemplos extraídos no documentário, que o poder não pode ser resumido ao uso da violência, esta é apenas uma forma de expressão. O poder exercido por atores que estão envolvidos as questões tecnológicas tem uma maior capacidade de influência, principalmente no atual período.

Autor: Marcelo A. Dias, estudante de Geografia.

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