Ao assistir ao filme Vocação do Poder diversos aspectos me chamaram atenção. Entretanto, dois personagens me despertaram mais interesse: a do advogado e mestre em Direito e Sociologia, Felipe Santa Cruz e a da pastora Márcia Teixeira.
O primeiro pela sua ideologia e persistência, mas também por sua ingenuidade. Toda a história do, aqui personagem, Felipe Santa Cruz é composta da vontade de aproximar o povo da política, por meio do debate, de discussões de projetos, do diálogo. E não impor seu discurso para os eleitores, ou como o outro candidato André Luiz, simplesmente não ter um discurso claro e objetivo, mas sim embasado por um forte clientelismo já exercido por seus pais. Ou ainda deixar esconder suas idéias com o nome do peixe grande que o apoiava.
Felipe foi vitima do próprio idealismo. Eu acreditaria num vereador como ele, ou pelo menos ouviria o tanto que ele aparentava ter pra dizer. O grande problema é que as pessoas, hoje, se abstêm de discutir e ouvir política. Todo mundo reclama das políticas públicas, dos impostos, da precariedade da saúde e da educação no país, mas a grande maioria não se importa em quem vota e muitas vezes não sabe o porquê de ter escolhido determinado candidato, esquecem que política está em todo lugar e faz parte da nossa vida. Aquele é mais bonito, o outro arrumou o muro da minha casa ou ele aparece mais na televisão, essas com certeza são justificativas que aparecem com freqüência entre os nossos eleitores.
Sobre a pastora minha pontuação é clara: tantos anos para «separar» a vertente religiosa do Estado para retrocedermos e encontrarmos em todo país púlpitos de igrejas transformados em grandes palanques e cultos e louvores a Deus em grandes comícios. A separação total entre religião e Estado pode nunca ter acontecido por completo, (para se ter uma idéia, mesmo que limitada, ainda hoje há crucifixos pregados em diversas repartições públicas) mas há de se perceber atualmente que principalmente as igrejas protestantes estão virando ponto de partida da vida política de muitos. Há uma bancada evangélica que cresce e se fortalece a cada dia.
O meu objetivo aqui não é, de forma alguma, denegrir ou insultar qualquer tipo de religião, meu questionamento se pauta na forma que isso se dá. Um líder religioso exerce forte pressão e influência em sua comunidade. Usar da boa fé ou até mesmo da alienação das pessoas é legítimo para eleger bancadas e formar partidos políticos? Sem discutir propostas ou ao menos ter projetos? Em uma parte interessante do documentário a pastora comenta que nunca se interessou ou se imaginou numa situação como aquela e que o povo tinha requisitado sua candidatura. Será?
Temos que concordar que Márcia tinha uma redoma perfeita para trabalhar a sua candidatura. Ela tinha o que Felipe não teve, pessoas reunidas em um lugar preparadas e dispostas a ouvi-la. Enquanto Felipe as queria para discutir questões políticas e envolver pessoas para conquistar votos, Márcia as tinha para orar, louvar e, de bandeja, ganhar facilmente todos aqueles votos, e tudo isso com o maior aliado político que poderia lhe convir: Deus.
Autora: Daniela Moura - Jornalismo - 7º semestre
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