“Como trabalhar com o que não está posto, isto é, com os enquadramentos alternativos? Como ver aquilo a que não se dá visibilidade? Como perceber o que a mídia não mostrou, se é a mídia que nos mostra o mundo?” (Luiz Felipe Miguel, p. 171)
O jornalismo trata sempre de um recorte da realidade. Não é exatamente imparcial. Os jornalistas mostram uma perspectiva e, buscando a objetividade, dão foco aos fatos que justificam seu ponto de vista. Ao discorrer acerca da cobertura jornalística feita pelas redes de televisão americana e árabe durante a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, o documentário Control Room reflete sobre o processo inevitável de influência seletiva sobre a percepção do público, e demonstra que o viés da mídia é institucionalizado em ambos os lados.
O debate em torno da manipulação de notícias introduz a idéia de que a mídia sempre irá defender os valores do público para o qual ela se direciona, o que faz necessário que a diversidade de públicos seja representada. O foco principal do filme é o dilema de dar voz a todos, colocando em destaque a rede de televisão Al Jazeera, que propõe superar um atraso cultural e tecnológico da sociedade árabe e definir uma nova agenda, trazendo visibilidade para o mundo árabe e a perspectiva desse mundo.
Apesar das notícias transmitidas pela Al Jazeera causarem perturbação no mundo ocidental, como o documentário manifesta, o direcionamento da rede e a comunicação em árabe não permitiam uma verdadeira representação no plano internacional. Somente com o lançamento da Al Jazeera English em novembro de 2006, a perspectiva árabe passou a estar ao alcance do resto do mundo.
E como o resto do mundo se comporta com a inserção de um meio de comunicação árabe? Embora sejam freqüentes as acusações de que a Al Jazeera vem misturando cobertura de notícias com propagandismo extremista através de uma estação de língua inglesa, muitos defendem a rede por estar disposta a tomar visões contrárias. Uma crítica da Revista Times tomou nota de que “ninguém fez mais do que a Al Jazeera para abrir mentes e desafiar a autoridade no Oriente Médio”. Uma parte do mundo já compreende que o contraste de visões é necessário para que a interpretação livre dos acontecimentos seja possível, o que é uma grande vitória.
Referências Bibliográficas:
MIGUEL, Luiz Felipe – Os meios de Comunicação e a prática política
Autora: Aline T
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