O automóvel é hoje, muito mais que um simples meio de transporte, é símbolo de poder e status. Mas, além disso, é também responsável por grande parte das emissões de carbono na atmosfera. Um “problema” que tem suas raízes situadas antes de 1896 – data da primeira aparição pública de um carro Ford -, raízes fincadas na Revolução Industrial, no mundo capitalista. Existiriam, então, saídas para conter, ou até mesmo extinguir – como a um câncer, por completo -, esse Apocalipse Motorizado, essa epidemia sobre quatro rodas?
A Revolução Industrial não é simplesmente um acontecimento, ela é um processo. Um conjunto de transformações tecnológicas, econômicas e sociais, que tem inicio na Inglaterra, em meados do século XVIII. A introjeção das máquinas fabris aumentou o rendimento e a produção. A Inglaterra projetou sua industrialização cinqüenta anos à frente de todo o continente europeu.
Passamos por uma primeira (embalada pelas máquinas a vapor), por uma segunda (situada entre 1860 e a Primeira Guerra Mundial, onde o carvão dá lugar ao petróleo e a eletricidade como novas fontes de energia), e vivemos, hoje, uma Terceira Revolução Industrial (pós Segunda Guerra, caracterizada pela presença dos computadores, dos softwares, dos robôs na organização social e econômica de nossas atividades).
Vivendo em uma sociedade capitalista, globalizada. É quase impossível não ser contaminado pelo consumismo: essa vontade de ter e de comprar, cada vez mais, mesmo que em demasia, em excesso. Um carro importado é, aparentemente, um carro importado, mas todos sabemos que ele também pode representar poder e prestígio. O automóvel é agora um membro, um novo órgão de nosso corpo, não mais um bem, um objeto, uma posse. Estamos presos a ele, dependentes de uma falsa impressão de segurança que nos é passada.
Dizem que: “A necessidade é a mãe da invenção”. Mas a princípio, o automóvel era uma resposta a uma determinada dificuldade, uma necessidade, ou era um meio de sobrepujar os demais meios de transporte daquela época? A segunda alternativa é muito mais plausível. “Mais rápido que um cavalo de corrida, ele voava por ruas geladas”: assim um repórter descreveu, fascinado, a experiência de andar num Ford. Quando eclodiu na Europa a Primeira Grande Guerra, Henry Ford se uniu a outras personalidades americanas e lançaram um movimento em favor da paz. Mas o mesmo Ford que lutou pela paz na Primeira Guerra Mundial empenhou-se, mais tarde, na fabricação de jipes, navios e aviões para fins bélicos.
É claro que não podemos deixar de levar em consideração a utilidade prática dos automóveis: encurtar distâncias, transportar cargas. Mas convenhamos que, atualmente, passou a ser um problema. Podemos citar, por exemplo, a poluição do ar, a poluição sonora, o stress causado pelos engarrafamentos, etc.
Enfim, de nada servem as políticas públicas que visam solucionar essa problemática, se o indivíduo não passar por um exame de consciência, uma mudança de mentalidade, e perceber que os carros são potencialmente prejudiciais a ele - embora muitas vezes necessários -, e que por isso, devem ser utilizados com comedimento. O homem moderno asfixia-se com a fumaça do seu próprio carro.
Autor: Mikael Neres Pereira, estudante do 3° semestre de História.
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