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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O topo da lista


Antes fosse mais uma obra de ficção hollywoodiana, entretanto o documentário Sicko, do diretor Michael Moore, retrata a dura batalha travada entre os cidadãos americanos e as diversas seguradoras de saúde, as quais se encontram totalmente presas à lógica de mercado e em função disso vem acarretando uma difícil escolha aos profissionais que atuam na área da saúde nos Estados Unidos. O que é mais importante: a ética profissional ou o lucro? Sob uma perspectiva bem maquiavélica, sem sombra de dúvidas, veremos que o lucro é dotado de uma importância muito superior e para alcançá-lo vale tudo, até mesmo ignorar o pedido de uma mãe pela vida da filha. Afinal os fins justificam os meios (Maquiavel, 1996).


O tema saúde sempre esteve entre os pontos principais dos discursos políticos pelo mundo. Nos Estados Unidos não haveria de ser diferente, ainda mais agora que transitam pelo Congresso dois projetos de lei, os quais propõem a implantação de um sistema universal de saúde pública gratuita no país. O que não é nenhuma novidade, haja vista uma frustrada tentativa anterior da senadora Hillary Clinton de fazer o mesmo. A partir deste exemplo o que se observou, como de costume, foi um estado totalmente refém das elites e que não consegue garantir o mínimo para os menos afortunados que não têm condições financeiras suficientes para arcar com os custos e a estes resta contar com a sorte.


Porém o que é mais absurdo no caso das seguradoras americanas é o fato delas deterem o poder interino para decidir quem terá direito ao atendimento e quando esse atendimento irá se realizar! Por exemplo: no caso daquela jovem que desenvolveu câncer e disseram que ela era nova de mais para estar com câncer e por isso ela não teve direito ao tratamento. Se considerarmos a relação seguradora (compreendendo aqui todos os profissionais que atuam tanto vendendo o seguro, mas também os que atuam diretamente nos hospitais) / segurado como um sistema a parte e completo veremos que este é um ótimo exemplo para colidir com a idéia de miniestruturas do poder que Foucault aborda, na qual o poder não estaria concentrado na sociedade, mas sim difuso. Porque neste caso os profissionais que atuam atendendo o paciente no hospital não são dotados de nenhum poder de escolha, é uma relação na qual a eles só cabe obedecer as ordens dos superiores. Para exemplificar este caso também podemos citar a história da mulher que perdeu a filha mesmo depois de ter implorado aos médicos que ajudassem à menina.


Com base no que foi colocado, me questiono sobre a proposta apresentada pelo modelo liberal na qual o Estado não passa de um mero regulador, ou seja, suas funções são reduzidas ao mínimo possível. Essa condição seria uma passagem de regresso ao período escravista! Pois se tendo o Estado, enquanto sujeito atuante que garante os mínimos, já ocorre todo um confronto para alcançar o que lhe é de direito, quem dirá em um modelo de Estado aonde o mercado iria se auto-gerir. A classe operária seria subordinada a condições tão inóspitas quantos as oferecidas na primeira Revolução Industrial.


O acesso à um atendimento hospitalar de qualidade não deveria ser um serviço público, principalmente nos Estados Unidos, país tido como a primeira economia mundial? Correto, deveria, no entanto não é! Mesmo sendo um tanto quanto panfletário, o filme deixa bem claro que a plataforma americana tem por meta principal a economia e descarta para segundo plano a saúde, talvez por isso o país ocupe a trigésima posição no ranking mundial de saúde, bem a frente do Brasil é verdade, entretanto muito aquém para a primeira economia mundial.

Bibliografia:
MACHIAVELLI, Niccolo. O príncipe. Rio de Janeiro, Ediouro, 1996


Autor: Getúlio Henrique Serviço Social 3° semestre

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