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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Artigo sobre o documentário XXY de Lucia Puenzo


Olha-te ao espelho e diz-me que rosto contemplas.Pois é tempo que dele outro rosto se forme.(Shakespeare)



O filme XXY foi ganhador do Prêmio da Crítica no festival de Cannes de 2007, e será o candidato oficial da Argentina para a corrida ao Oscar este ano. O filme trata da história da vida de Alex, um(a) jovem intersexual, também conhecido como hermafrodita por possuir os dois órgãos sexuais, que vive um grande dilema: a necessidade imposta pela sociedade de incorporar concepções de masculinidade, feminilidade que foram “naturalizadas” e “normatizadas” ao elementos como o sexo.


Partindo dos estudos de Pierre Bourdieu, analisar esta situação vai além da esfera de aceitação individual, ele se refere a este tipo de imposição como uma dominação simbólica. Os dominados devem aceitar as estruturas dominantes e incorporar suas ‘regras’ e ‘padrões’ para estarem inseridos no ciclo de relações sociais.


A construção destes símbolos é compartilhada entre povo e Estado, e impõe modelos de dominação através de aparelhos ideológicos como escolas, família e religião. São estas instituições instrumentos para o exercício da hegemonia, que permite a alguns grupos difundir e impor seus ideais, fazer de seu ponto vista o ponto de vista universal. (Melo e Maciel, 2008)


A dominação do corpo e da sexualidade se transformou, ao longo da história, em um forte aliado ao controle das relações de poder. É por ter de se adequar a determinado Campo (Bourdieu, 2001) que Alex tem dúvidas e perturbações por ter que escolher uma identidade sexual, passar por uma cirurgia de redesignação sexual (castração ou mutilação) e se adequar as normas que regem o masculino/feminino.


Entretanto, o filme surpreende com a escolha de Alex ao decidir que não irá optar entre o masculino e o feminino, mas que vai mais além. É como renegar o Habitus (Bourdieu, 2001), e não aceitar as disposições impostas pela sociedade, ultrapassando os limites impostos por ela. Alex tenta escapar da incorporação das relações de poder, da 'aceitação' da violência simbólica. E tudo que não se enquadra às regras, neste caso, no campo da sexualidade, é combatido essencialmente através de exclusão e preconceito, e é isso que Alex parece estar disposta a enfrentar.


Referências:


BOURDIEU, Pierre.(2001) Meditações Pascalinas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
MELO E MACIEL (2008), " Pierre Bourdieu – Meditações Pascalinas”, 31 de Janeiro. Página consultada a 7 de Feveiro de 2008. <http://politicaparatodxs.blogspot.com/2008/02/pierre-bourdieu-meditaes-pascalinas.html
SANTOS (2008), "”, 07 de Fevereiro. Página consultada a 10 de Feveiro de 2008. <http://politicaparatodxs.blogspot.com/2008/02/resumo-do-filme-xxy-de-lucia-puenzo-por.html


Autora: Daniela Moura, 7º semestre de Jornalismo

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