Esta semana assisti mais uma notícia de record de vendas de carros novos, em janeiro deste ano se constatou um aumento de 40% nas vendas em relação a janeiro de 2007. As montadoras já não estão dando conta de atender a procura e a espera por um zero quilômetro pode chegar a três meses para os veículos mais populares. O mais interessante foi notar a alegria do repórter ao dar a notícia.
Se por um lado estes números impressionantes aquecem o mercado, gerando empregos, e fortalecendo o comércio, por outro entopem cada vez mais os grandes centros e contribuem para um outro aquecimento, o global!
Existe todo um fetiche, toda uma ilusão criada em torno do consumo de um carro, podemos notar no filme Apocalipse motorizado, a construção social de que é feita segregando as pessoas que não o possuem. “Não seja mais dirigido, dirija!”, esta é a frase presente em uma das propagandas exibidas no filme, ela coloca um ponto de vista que retrata o “Mito do consumo interminável” que está impregnado em nossa sociedade.
Segundo Illich (1985) há um monopólio radical que cria a dependência entre o homem e as ferramentas industrializadas. Assim as cidades são planejadas e modeladas em função do automóvel, as doenças só são curadas com drogas fabricadas em laboratórios, a alimentação depende de comidas industrializadas, a comunicação depende do telefone, e para manter-se informado sobre os novos padrões estipulados necessitamos da televisão, rádio e internet.
Nossas escolas são primordiais no processo de reprodução deste modelo, já que o saber é um bem exposto ao mercado. O conhecimento é mercantilizado, as instituições de ensino estão legitimadas pela sociedade para monopolizar o saber. Assim a escola institucionalizada buscando sua perpetuação, exerce controle social para padronizar mentes consumidoras.
Voltando aos automóveis, temos como alternativa para a questão do aquecimento global o uso de biocombustíveis que é uma alternativa positiva, mas se o crescimento da produção deste setor implicar em derrubada de floresta, como ocorre na ampliação das fronteiras agrícolas para expansão agropecuária e agricultura, este fator positivo é neutralizado.
A maioria das medidas adotadas até hoje me parecem mais uma jogada de marketing, um oportunismo, já que este é o assunto do momento. Devemos rever nossos hábitos e reduzir o consumo!
Bibliografia:
ILLICH, I. La convivencialidad. México: Joaquim Mortiz/Planeta, 1985. (pág. 65 a 81).
Autor: Rodrigo César Cavalcanti do Nascimento - Química 7º semestre
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