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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Neutralidade ou pluralidade?

O filme Control Room mostra o poder da mídia em relação a grandes questões políticas e como ela é capaz de influenciar a população e as decisões governamentais. O ideal de pluralidade é impossível de ser alcançado, tal como o ideal de neutralidade, porém isso não significa que o primeiro não deva ser perseguido. Digo que é impossível que a mídia seja pluralista pelo simples fato de ela ser formada por grupos privados que sempre irão privilegiar os próprios interesses, ou seja, os interesses do mercado. Embora a Al Jazeera seja rede de noticias de oposição aos grandes grupos capitalistas, ela ainda assim foi criada por pessoas que eram donas ou faziam partes de grandes empresas árabes e portanto ainda estão preocupadas com o mercado. CNN e Al Jazeera são duas faces de uma mesma moeda. Deve-se lembrar que para montar um grupo de mídia é necessário capital e para conseguí-lo é necessário que a pessoa interessada em criá-lo já possua uma empresa privada que gere lucro ou contar com o apoio de uma. É claro que podem existir emissoras de televisão como a Rede Cultura, mas o índice de audiência é muito baixo porque ela não conta com tantos investimentos externos como a Rede Globo e assim possui menos capital para investir em sua programação. Quanto mais pontos no Ibope, mais poder de influenciar os telespectadores terá a emissora, o que significa mais poder em todas as outras áreas. Portanto, deve haver uma legislação que deixe claro os limites da mídia, as pessoas precisam de algum instrumento de proteção contra os possíveis abusos desses grupos. Isso não quer dizer censura e sim que não se pode difamar pessoas ou passar informações falsas enganando a população. A rede de televisão venezuelana que não teve a concessão publica renovada já sofria vários processos jurídicos desde os anos 70 por calúnia e difamação. Essa rede havia ganhado um prêmio de jornalismo na Europa por uma reportagem falsa, em que imagens forjadas mostravam policiais atirando em manifestantes e foi obrigada a devolver o prêmio. Além disso, ela cometeu uma infinidade de outros abusos, como exibir programas com conteúdo erótico no horário matutino. Certamente, não renovar a concessão pública não é uma medida democrática e também não contribui em nada para a pluralidade. Para evitar uma medida tão drástica a legislação venezuelana deveria ter sido muito mais rígida desde os primeiros processos jurídicos. É claro que Hugo Chavez foi o único que teve coragem de ir contra essa emissora porque ela fazia oposição radical ao seu governo e a sua pessoa, sendo uma medida autoritária e de cunho político. Não podemos acreditar que haverá pluralidade na televisão e imprensa, como também sabemos que não há neutralidade. É injusto deixar todo o poder de decisão para a mídia, pois ela e muito poderosa e nunca haverá um meio de comunicação que irá contra o mercado, com exceção de televisões estatais de paises comunistas com governos autoritários, o que não é pluralidade. Há um limite entre deixar claro as tendências políticas e ofender uma pessoa pública, como por exemplo, se referir a um chefe de estado como macaco ,fato esse que se repetiu diversas vezes na Venezuela. É muito bom que exista uma emissora como a Al Jazeera, para que possamos ver o outro lado do conflito entre a cultura americana e o mundo árabe, mas devemos nos lembrar sempre que ela não é e nunca será uma oposição completa porque como empresa ela precisa ser sustentada pelo capital.
Autora: Marta do Amaral Lessa serviço social - 2º semestre

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