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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A visão da mídia e o filme Control Room


Nas últimas semanas temos estudado a democracia e vendo diversos pontos de vista ,o de Schumpeter aponta mais ao que seria a democracia.No ponto de vista de Shumpeter a democracia é um sistema político que seria um tipo de arranjo institucional para se chegar a decisões políticas.No qual os indivíduos adquirem poder de decidir utilizando para isso uma luta competitiva pelo voto do povo.E de acordo com essa definição a única característica que diferencia a democracia de outros arranjos institucionais era essa disputa política.O poder nunca está centralizado,o poder está sempre dividido em vários núcleos de poder,dessa forma formalmente instituído estão os poderes : Executivo, Legislativo e Judiciário.Mas a disputa por cargos,e por posições nesses poderes está permeada por outras relações,uma das mais importantes é a imagem frente à mídia.Discute-se muito que o tráfico seja o quarto poder,mas a mídia tem tamanha força que sobrepõe o poder paralelo,pois a mídia exerce uma influência maior do que o poder paralelo.


Gostaria agora de traçar um paralelo entre a mídia e a inquisição.Pois as duas influenciaram em muito o pensamento da época de foram instituídas.Para traçar esse paralelo usarei dois exemplos,o que tange à mídia usarei o exemplo das caricaturas dos judeus e no que tange à inquisição usarei o exemplo de Eymerich no “Manual dos Inquisidores”.


Na inquisição, o aumento das contestações aos dogmas da Igreja,na Europa Ocidental,levou o Concílio de Verona,em 1184,a nomear bispos para visitarem duas vezes por ano as paróquias suspeitas de heresia.Para que a caça aos hereges surtisse efeito,era necessário o apoio do Estado,numa época em que o Estado não era laico.Quando o inquisidor ia começar seus trabalhos na paróquia que lhe havia sido determinada,havia a abertura pública e solene de seus trabalhos no qual ele lia o seguinte texto:


“Frei fulano de tal,dominicano,a Sicrano,pároco da paróquia tal,na cidade tal,saudação e rápida obediência às minhas ordens apostólicas.De acordo com o que nos cabe fazer como inquisidor,queremos falar de algumas questões que dizem respeito à fé,ao conjunto do clero e dos fiéis.Eis por que,em nome da autoridade do Papa de que somos investidos neste local,pedimos,exigimos e ordenamos que anuncieis ao povo,no próximo domingo (dia tal,mês tal),durante a missa principal,e em alto e bom som,que terão de comparecer,no domingo seguinte ....”


E anunciavam no tal dia:


“Se alguém souber de alguém que disse ou fez algo contra a fé,que alguém admite tal ou tal erra,é obrigado a revelar ao inquisidor.”


O poder inquisitorial era tão forte que não tinha barreiras,seus domínios estavam sobre todos,inclusive sobre os que não eram católicos,pois o papa tinha direito sobre todas as almas.Este poder terminou na morte de muitas pessoas na fogueira como já está no senso comum.


Continuando nosso paralelo agora analisemos as caricaturas dos judeus.Como cada vez mais refugiados vinham ao Japão, os sentimentos anti-semitas começaram a surgir. A Alemanha, aliada do Japão naquele momento, tentava persuadi-los a expulsar os judeus. Venenosas propagandas anti-semitas incendiavam a mídia Japonesa e repulsivas caricaturas de judeus eram regularmente colocadas nos jornais japoneses.


Em 1941, na véspera de guerra do Japão contra os Estados Unidos, Japão e Alemanha ficaram ainda mais próximos. E o anti-semitismo no Japão, um país que quase não tinha judeus, intensificou-se a ponto de líderes japoneses culparem publicamente os judeus pelas duas Guerras mundiais, alegando que para onde quer que os judeus fossem, espalhavam destruição.


Existe uma grande distinção entre a forma de atuação desses dois poderes,a Inquisição era ligada diretamente à fé e ao poder do Estado,já a mídia é ligada aos interesses do capitalismo.A Inquisição usou do medo e da opressão para sustentar o seu poder e a mídia usa do poder imagético para expandir e forçar seus pontos de vista.


A mídia é capaz de construir e de destruir mitos sobre as pessoas e sobre também as questões sociais,da mais importante ou até mesmo transformar uma coisa pequena no assunto da pauta nacional.De acordo com Luís Felipe Miguel a televisão ocupou uma posição cada vez mais destacada na vida de seus espectadores,como fonte de informação e de entretenimento ,a televisão reorganizou segundo ele as fronteiras entre diferentes esferas sociais.Nessa reorganização as pessoas e os movimentos sociais que somente presenciavam o “palco”,puderam adentrar nos “bastidores”,por assim dizer criaram voz no discurso político.Segundo Bordieu que tratou da influência que o campo jornalístico exerce tanto sobre a política quanto sobre o meio universitário, julga que os campos político,jornalístico e das ciências sociais tem uma meta comum,que é impor a visão legítima do mundo social.No filme “Control Room”fica bastante claro a influencia que o jornalismo força sobre a sociedade,forçando seu ponto de vista.Enquanto as redes americanas mostravam os Estados Unidos libertador a rede Al Jazeera mostrava os horrores da guerra.Cada lado escolhia sua verdade,e forçava seu ponto de vista sobre seu espectador.Para se chegar á verdade dos acontecimentos era preciso ao espectador fazer uma limpeza de ideologias das reportagens e ater-se aos fatos.Na cena em que a estátua de Saddam Hussein é retirada as redes americanas decretavam o fim do “império” pelas mãos do povo,sendo que não eram iraquianos as pessoas que apareciam nas imagens.


Concluindo assim que a mídia é um poder constituído,que atende a seus próprios interesses e que na sociedade tem a maior influência sobre as decisões e define a pauta dos bastidores.As pessoas devem lidar com a mídia com consciência das ideologias pregadas por ela,a mídia não precisa ser neutra,as pessoas é que precisam perceber os pontos de vista.



Referência:
EYMERICH, Nicolau. Manual dos inquisidores. Brasilia: Editora Universidade de Brasília, 1993. 253 p ISBN 85-85363-61-4
PATEMAN, Carole. Participação e teoria democrática. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. 161 p. ISBN 8521906048MIGUEL,Luís Felipe.Os meios sociais de comunicação e a prática política.Revista Lua Nova,2002.155-184p.n.55-56.



Autora: Dandara Baçã


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