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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A câmara de controle, canais diferentes, verdades diferentes

Nascida em Washington, criada no Cairo e formada em Harvard, Jehane Noujaim, cineasta filha de um egípcio com uma americana, mostra através de Control Room, como funciona a emissora árabe Al Jazeera (“A Ilha”), baseando-se na cobertura da invasão do Iraque.


O enfoque do filme não e de dar fama à emissora, ou de mostrar que ela é detentora da verdade, mas expor seus objetivos e ideais, sua forma de trabalhar.Ele tenta mostrar porque a Al Jazeera se destaca das emissoras ocidentais, contrapondo os relatos de funcionários desta com os de oficiais do exercito americano. Com isso, fica claro que existe duas visões (no mínimo) do mesmo acontecimento em questão: EUA e os ataques no Iraque. É ai que entra o motivo de sucesso da chamada “CNN árabe”, pois ela se dedica a botar na tela tudo o que as emissoras ocidentais escondem quando falam do mundo árabe.


O documentário fortalece uma linha de raciocínio em que os americanos se posicionam como donos da verdade, como se apenas eles enxergassem o que é melhor para todos, tanto americanos quanto árabes. Observa-se isto nas declarações do Cap. Josh Rushing ( assessor de imprensa do ComCen - Comando Central) e demais oficiais americanos, ao dizer que o interesse americano é de apenas estabelecer a libertação, ordem, democratização e paz ao povo iraquiano. Na verdade eles querem impor no Iraque o sistema de governo americano, como se fosse o melhor para aquele povo.Verifica-se esse raciocínio também pelos profissionais da Al Jazeera, na forma de suas opiniões, ou dos relatos da população árabe mostrados.


Ao questionar os oficiais americanos, os jornalistas da Al Jazeera tentam apresentar-lhes o outro lado da “verdade americana”: o de um povo que está tomando tiros, bombardeios diários e perdendo familiares. Control Room passa essa imagem da emissora, como uma espécie de porta-voz dos perdedores, a população vítima de uma guerra de não esclarecida.


Diferente das emissoras ocidentais, a Al Jazera assume que não é neutra, tendo sim um partido, que é o do seu povo. Apesar disso, eles procuram ouvir os dois lados da história, numa tentativa de servir como um enlace entre os dois mundos (oriental e ocidental), as duas verdades. Talvez por este fato, a emissora busque a maior proximidade da realidade na apresentação das noticias, não buscando apenas mostrar o lado que lhe convém. Porém não deixa de colocar seu viés midiático: “... há um custo humano. Porque nos preocupamos com os iraquianos...; Somos árabes, como eles. Somos mulçumanos, como eles...” (Samir Khader, Al Jazeera). Isso é normal, pois como Tareq (viúva de Tareq Ayyoub, correspondente da emissora morto em um ataque americano a um escritório da Al Jazera em Bagdá) afirma: “que imparcialidade pode haver ao mostrar uma pessoa morrendo?”


Uma outra característica marcante da emissora mostrada pelo documentário é a preocupação em transmitir fatos, noticias obtidas de fontes seguras e não apenas ouvir ideologistas, simplesmente por apresentarem uma visão anti-americana.


Jehane Noujaim expõem uma constante da emissora, que a torna freqüentemente um alvo dos EUA: revelar falsas cenas usadas pela mídia militar na sua campanha a favor da guerra. Os jornalistas apontam como o exército americano manipula informações a seu favor, até mesmo criando falsos canários e omitindo dados concretos.


“- A vitória, nada mais. As pessoas gostam da vitória. Não gostam de justificações. Não tem que se justificar. Uma vez que se é vencedor, acabou-se!” (Samir Khader, Al Jazeera).



Bibiliografias

JAMAIL D.. Doha. Fev/ 2006.
TAREQ D.. The Guardian.Mabonline.net. 2004
KAUFFMANN S.. Le Monde. Out/ 2004.
Noujaim J.. Control Room. 2004



Autor: Kariel Alexander Coelho de Araújo, 10° Semestre de Engenharia Agronômica.

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