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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Meios de Comunicação ou Meios de Dominação?

O surgimento dos meios de tele e radiodifusão, assim como o aparecimento da Internet, propiciaram o acesso a informação de uma maneira nunca antes presenciada. Atualmente, os meios de comunicação são entendidos como pedras angulares de debates públicos das mais variadas ordens. Os jornalistas nos vendem, diariamente, uma falsa noção de mundo, de realidade – geralmente, em três minutos ou em dois mil e quinhentos dígitos. Somos massacrados por discursos partidários falsos e infundados, notícias ludibriosas sobre crescimento econômico, redução nas taxas de juros, aumento das ofertas de empregos. Obter e divulgar informações – sem intervenção - é um direito que nos assiste. Mas quantos outros direitos só nos são assegurados no papel? Pior que a distorção dos fatos, somente a censura.

Partindo da temática trabalhada no filme Control Room[1], os jornalistas que fizeram a cobertura da guerra no Iraque, de um modo geral, fazem uso do microfone para noticiar meias verdades – as metades que interessam. Noticiam uma guerra que tem por objetivo combater o terrorismo e instaurar a democracia no país, quando na verdade, não passa de uma tentativa desumana de afirmação de poder. Tais jornalistas, nada mais são que marionetes, fantoches a serviço dos senhores da guerra. A “prisão”[2] de Guantánamo, por exemplo, não passa de um upgrade de Auschwitz, divinamente mascarada pela imprensa internacional. Na guerra, a Mídia é um elemento surpresa contra o inimigo.
"A CIA tem o direito legítimo de se infiltrar na imprensa estrangeira. Ela tem a missão de influir, através dos meios de comunicação, no desenlace dos fatos políticos em outros países”.[3]


A Mídia, bancada e comprometida com o Sistema, faz a seleção daquilo que é, e daquilo que não é, daquilo que vai ser, e daquilo não vai ser notícia. Assim, uma carteira de um estrangeiro roubada em alguma praia famosa do Rio de Janeiro logo vira manchete, enquanto que, as políticas de extermínios a moradores de rua são encobertas.

É muito mais lucrativo e viável falar de uma mulher que deu a luz a sêxtuplos, numa cidade a oeste de lugar nenhum, ou mostrar a realidade injusta de um planeta com aproximadamente 6,5 bilhões de habitantes, que produz alimento suficiente para mais de 10 bilhões de pessoas, e onde mesmo assim, quase 1,5 bilhões de indivíduos passam fome, segundo dados da ONU?

“Há uma arrogância muito grande nas famílias que controlam os meios; uma arrogância de classe. Eles se julgam porta-vozes da sociedade e totalmente imunes a qualquer tipo de crítica sobre o trabalho que fazem, a ponto de nem precisarem falar sobre isso. Os meios de comunicação só admitem o confronto quando estão dialogando com outro veículo, no’mesmo nível’, e não com o leitor ou com outros setores da sociedade”, responde Laurindo Lalo Leal Filho[4] a pergunta: “Por que a mídia não cobre suas próprias atividades?”.

“Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras”.[5]

[1] Documentário sobre a invasão dos Estados Unidos ao Iraque sob o ponto de vista da rede de TV árabe Al Jazeera.
[2] Centro de tortura seria um a nome mais adequado.
[3] Willian Colby, ex-diretor-geral da agência de inteligência dos EUA.
[4] Laurindo Lalo Leal Filho é professor da Universidade de São Paulo. Seu mais recente livro é A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão.
[5] Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.


Autor: Mikael Neres Pereira, estudante do 3° semestre de História.

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