
Partindo da temática trabalhada no filme Control Room[1], os jornalistas que fizeram a cobertura da guerra no Iraque, de um modo geral, fazem uso do microfone para noticiar meias verdades – as metades que interessam. Noticiam uma guerra que tem por objetivo combater o terrorismo e instaurar a democracia no país, quando na verdade, não passa de uma tentativa desumana de afirmação de poder. Tais jornalistas, nada mais são que marionetes, fantoches a serviço dos senhores da guerra. A “prisão”[2] de Guantánamo, por exemplo, não passa de um upgrade de Auschwitz, divinamente mascarada pela imprensa internacional. Na guerra, a Mídia é um elemento surpresa contra o inimigo.
"A CIA tem o direito legítimo de se infiltrar na imprensa estrangeira. Ela tem a missão de influir, através dos meios de comunicação, no desenlace dos fatos políticos em outros países”.[3]
A Mídia, bancada e comprometida com o Sistema, faz a seleção daquilo que é, e daquilo que não é, daquilo que vai ser, e daquilo não vai ser notícia. Assim, uma carteira de um estrangeiro roubada em alguma praia famosa do Rio de Janeiro logo vira manchete, enquanto que, as políticas de extermínios a moradores de rua são encobertas.
É muito mais lucrativo e viável falar de uma mulher que deu a luz a sêxtuplos, numa cidade a oeste de lugar nenhum, ou mostrar a realidade injusta de um planeta com aproximadamente 6,5 bilhões de habitantes, que produz alimento suficiente para mais de 10 bilhões de pessoas, e onde mesmo assim, quase 1,5 bilhões de indivíduos passam fome, segundo dados da ONU?
“Há uma arrogância muito grande nas famílias que controlam os meios; uma arrogância de classe. Eles se julgam porta-vozes da sociedade e totalmente imunes a qualquer tipo de crítica sobre o trabalho que fazem, a ponto de nem precisarem falar sobre isso. Os meios de comunicação só admitem o confronto quando estão dialogando com outro veículo, no’mesmo nível’, e não com o leitor ou com outros setores da sociedade”, responde Laurindo Lalo Leal Filho[4] a pergunta: “Por que a mídia não cobre suas próprias atividades?”.
“Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras”.[5]
[1] Documentário sobre a invasão dos Estados Unidos ao Iraque sob o ponto de vista da rede de TV árabe Al Jazeera.
[2] Centro de tortura seria um a nome mais adequado.
[3] Willian Colby, ex-diretor-geral da agência de inteligência dos EUA.
[4] Laurindo Lalo Leal Filho é professor da Universidade de São Paulo. Seu mais recente livro é A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão.
[5] Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Autor: Mikael Neres Pereira, estudante do 3° semestre de História.
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