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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Alternativas à questão social do gênero

O artigo intitulado Questão social do gênero – o caso de Alex escrito por Juliana Aretz traz reflexões bastante interessantes. O filme analisado foi o XXY, cuja temática perpassa questões de gênero. Alex, protagonista do filme, apresenta os dois órgãos sexuais e como Juliana colocou, sofre com a indefinição de seu gênero.
A construção dos gêneros masculino e feminino é um processo não apenas cultural, mas também social. Conforme Juliana trouxe, em Gênero e Sexualidade, Judith Butler aborda essa construção: homem – macho – masculino; mulher – fêmea – feminino; cada um possuindo atribuições definidas, sendo quase impossível alterá-las. Não acredito nessa impossibilidade de alteração na construção do gênero tampouco na dificuldade de fuga deste padrão. Os papeis masculinos e femininos sofrem um processo longo e vagaroso de construção e representam uma reprodução dos comportamentos e preconceitos presentes na sociedade.
Quem aceitaria, há 20 anos atrás que o homem freqüentasse centros de estética e de moda e se preocupasse demasiadamente com a aparência? Ser vaidoso era um papel exclusivamente feminino, mas que hoje é também exercido pelos homens. E sobre o tão sagrado esporte masculino – o futebol. Seria bem recebida uma mulher juíza ou bandeirinha? Hoje esses, e outros preconceitos já foram superados em grande parte. Lógico que o caminho que ainda falta percorrer é desproporcionalmente maior que o que já foi percorrido, mas serve para corroborar a crença na reconstrução dos gêneros.
Outra reflexão trazida por Juliana foi a relação entre Alex e Álvaro (outro personagem de XXY). Estes dois personagens vivenciam um relacionamento aparentemente “normal” (heterossexual), mas diferenciado subjetivamente falando. Alex se relaciona sexualmente com Álvaro, com seu “lado” masculino e Álvaro por sua vez se sente bem com isso. O que é possível tirar desta relação é o medo de Álvaro de assumir sua homossexualidade e a construção do gênero de Alex ainda inacabada. Um tem não coragem de assumir que sente atração por homens e a outra busca experenciar situação que a ajudem a se conhecer e conseqüentemente estabelecer sua identidade.
O dilema de escolha vivenciado pela protagonista do filme se dá uma exatamente por ser um dilema de gênero, que é algo construído. O dilema reside nas dicotomias mantidas e estimuladas pela sociedade (bem-mal; esquerda-direita; homem-mulher). Existem papeis para cada gênero; tais papéis impõem direitos e deveres a cada categoria. Homens devem ser violentos, racionais, fortes e provedores; as mulheres deveriam ser mais emotivas, frágeis, e “do lar”. Essa visão dual (e extremamente limitada) talvez exista para facilitar o entendimento sobre o mundo; o que está claro, definido e é facilmente distinguido de outro permanece já o que é incerto, indefinido, é negado e condenado.
O Estado deve então investir em políticas que estudem e trabalhem as questões de gênero na sociedade. Deve se preocupar em erradicar o preconceito quanto aos papeis, a gêneros e ao sexo, pois são exatamente esses preconceitos que provocam as diversas situações contra mulheres e homossexuais. Se mais atenção for dada esse tema (gênero) será possível enxergar e reordenar as prioridades. Num contexto onde se fala bastante sobre a inclusão do negro, não se percebe que a mulher é submetida a situações mais desvantajosas ainda. Que o Estado procure se informar dos dados e verá que a mulher tem sempre menos acesso a empregos e benefícios, seja ela negra ou não.

Autor: Raphael Andrade - 8º semestre - Psicologia

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